Em reuniões recentes de análise do cenário eleitoral, empresários de setores vitais da economia definiram a estratégia geral para doações de campanha em 2014. Segundo suas palavras, serão mais restritivos e seletivos, cortando o valor das contribuições para candidatos ao Congresso e mantendo o que é destinado a presidenciáveis no mesmo patamar do pleito de 2010. O portal Folha conversou, nas duas últimas semanas, sobre doações de campanha com pelo menos dez empresários de grande e médio portes de bancos, empreiteiras, mineradoras, construção civil e indústria de transformação. Reservadamente, todos repetem a intenção de reduzir não só o valor, mas também o número de pretendentes a deputados federais e senadores financiados. No caso dos principais presidenciáveis, dizem que haverá dinheiro, mas não na proporção que os candidatos desejam. Pelo menos três empresários revelaram ter participado de reuniões conjuntas para discutir o tema, nas quais foram listados os motivos para reduzir o valor das doações: 1) O caixa das empresas está baixo por causa do ritmo fraco da economia; 2) A ordem é cortar das listas os chamados "traidores", que são financiados, mas depois não votam com o setor privado nos principais temas; 3) A crescente "criminalização", como chamam, de contribuições legais. Em encontro no mês de julho, empresas de um grande setor exportador fecharam uma lista, ainda em fase de ajustes finais, que corta quase pela metade o número de financiados. Em 2010, mais de cem deputados e senadores figuravam na relação. Agora, são cerca de 50. Segundo um empresário, o corte de 50% na lista será seguido de redução de 20% no valor da doação. No setor de etanol, em crise por causa do subsídio do governo Dilma Rousseff à gasolina, alguns empresários falam que vão reduzir tudo pela metade -do número de beneficiados ao montante do dinheiro. A mesma disposição de cortar as doações de parlamentares não é vista no caso dos presidenciáveis. Os empresários relatam, porém, que a intenção é, no máximo, manter o mesmo valor das contribuições da última eleição. O setor privado reclama que as campanhas estão ficando cada vez mais caras e que os candidatos querem que as empresas banquem a conta, mesmo num cenário de economia muito fraca. Valores Na primeira prestação de contas, a campanha à reeleição da presidente Dilma informaria à Justiça Eleitoral ter arrecadado R$ 10,1 milhões. O valor representa 68% do que a petista somou na largada da disputa de 2010 -quando recebeu R$ 14,7 milhões, em valores atualizados. A campanha de Aécio Neves (PSDB) declararia cerca de R$ 10 milhões. No mesmo período, em 2010, a campanha do tucano José Serra havia arrecadado R$ 4,1 milhões -R$ 5,2 milhões em valores corrigidos pelo IPCA. O candidato do PSB, Eduardo Campos, informaria ter recolhido R$ 8,2 milhões.