A embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Martínez, foi convocada nesta terça-feira (24) a dar explicações ao Ministério das Relações Exteriores sobre a morte da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima.
Brasileira que estudava medicina na Nicarágua, Raynéia foi morta na segunda-feira (23) após ter sido atingida por tiros disparados por "um grupo de paramilitares", conforme informou Ernesto Medina, reitor da Universidade Americana em Manágua (UAM).
A morte ocorreu em meio à crise social e política que passa o país, com manifestações contra o presidente Daniel Ortega, no poder desde 2007 e alvo de acusações de abuso e corrupção.
De acordo com a Associação Nicaraguense de Direitos Humanos, mais de 350 pessoas já morreram, entre elas, muitos estudantes. Nesta terça, a Polícia Nacional negou a versão do reitor e afirmou que um vigilante realizou os disparos.
O G1 apurou que a embaixadora foi convocada a prestar esclarecimentos e se reuniu com o subsecretário-geral da América Latina e do Caribe do Itamaraty.
Além da convocação de Lorena Martínez, o governo brasileiro também chamou o embaixador do Brasil na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos, para consultas. A convocação do embaixador também foi motivada pela morte da estudante brasileira.
Nesse caso, ele terá de voltar ao país para se reunir com as autoridades brasileiras. Segundo o G1 apurou, o embaixador foi chamado de volta ao Brasil para que possa expor a sua visão sobre o momento político no país e sobre o que pode ter acontecido no episódio que resultou na morte da estudante brasileira.
Esse ato de chamar o embaixador ao Brasil, de acordo com duas fontes ouvidas pela reportagem, não é corriqueiro, e só é tomado em situações em que o país decide adotar uma posição mais firme. O ato, porém, não configura uma ruptura diplomática entre os países.
O que diz a embaixada
A embaixada da Nicarágua no Brasil divulgou uma nota da Polícia Nacional do país sobre a morte da estudante brasileira (veja a íntegra mais abaixo).
O documento diz que um guarda de vigilância privada, "em circunstâncias ainda não determinadas", realizou disparos com uma arma de fogo.
Um dos tiros, segundo a nota, atingiu Raynéia Gabrielle. O documento diz, ainda, que o vigilante "está sendo investigado para o esclarecimento do fato".
Íntegra
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela embaixada da Nicarágua no Brasil:
NOTA DE IMPRENSA Nº 91-2018
A Policia Nacional informa ao Povo da Nicarágua que na noite do dia 23 de julho de 2018, aproximadamente às 23:30 horas, a cidadã RAYNEIA GABRIELLE DA COSTA LIMA ROCHA de 29 anos, brasileira, médica interna do Hospital Carlos Roberto Huembes da Policia Nacional, se deslocava sozinha a bordo do veículo placa M170620, pelo setor de Lomas de Monserrat, na cidade de Managua.
Um Guarda de Vigilância Privada, em circunstâncias ainda não determinadas, realizou disparos com arma de fogo, um dos quais atingiu ocasionando-lhe ferimentos. Ela foi transferida para o Hospital Militar Alejandro Dávila Bolaños, onde faleceu.
O Guarda da Vigilância Privada está sendo investigado para o esclarecimento do fato.
Nossa instituição Policial, lamenta o falecimento da médica interna, RAYNEIA GABRIELLE DA COSTA LIMA ROCHA e reitera seu compromisso em continuar trabalhando para fortalecer a paz, a segurança das pessoas, familias e comunidades nicaragüenses.
Managua, terça 24 julho 2018.
Divisão de Relações Públicas
Policia Nacional