Uma série de entrevistas realizadas com 1 mil mulheres de Teresina em 2016 revelou que, dentre aquelas que sofreram algum tipo de violência, 65% não procuraram ajuda. O estudo faz parte do Plano Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres 2015-2019, da Prefeitura de Teresina, que tem como objetivo entender a dificuldade de acesso das vítimas à rede de apoio.
As entrevistas foram feitas com mulheres de 15 a 49 anos, de acordo com a representatividade de classe e etnia na sociedade teresinense. Os dados são preocupantes: 27% das mulheres entrevistadas relataram ter sofrido algum tipo de violência e a maioria (22%) foi psicológica, seguida da violência física (14%) e sexual (6%).
A maioria das vítimas de violência sexual são mulheres brancas. As mulheres pretas são as maiores vítimas de violência física e as pardas, de violência psicológica.
O que mais preocupa é que a grande parte não procurou ajuda. Alguns índices apontam situações que favorecem o silêncio das vítimas: as mulheres são maioria das pessoas fora do mercado de trabalho (39%, contra 21% dos homens).
Entre elas, 7% informaram que deixaram de assumir um emprego porque o companheiro não permitiu. Das que trabalhavam, 13% informaram que entregavam parte do salário para que o companheiro administrasse como quisesse.
Por fim, outro dado revela a consequência do silêncio das vítimas: os episódios de violência voltaram a acontecer em 36% dos casos. Segundo a Prefeitura de Teresina, a partir desses dados será elaborado o Plano Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres 2015-2019, com o objetivo de facilitar o acesso das vítimas à rede de proteção.