Michael Schumacher encerra sua carreira como piloto de F1 de forma definitiva nesta temporada
A carreira mais vitoriosa da história da F1 terá definitivamente um fim no GP do Brasil, em 25 de novembro deste ano. Dono de um currículo espetacular de sete títulos mundiais, 91 vitórias e 68 poles, Michael Schumacher anunciou, na tarde desta quinta-feira (4), em Suzuka, que vai encerrar sua carreira no fim desta temporada. Em entrevista coletiva no circuito japonês, palco do primeiro dos seus cinco títulos pela Ferrari, Schumacher agradeceu à sua família, amigos e à Mercedes, que proporcionou seu retorno à F1 depois de três anos sabáticos desde sua primeira aposentadoria, anunciada em 2006.
Schumacher deixa a F1 depois de cumprir à risca seu contrato de três anos com a Mercedes, que surpreendeu o mundo do esporte ao anunciar, às vésperas do Natal de 2009, seu retorno à F1. Desde então, foram 52 GPs pela equipe alemã e 191 pontos conquistados. Seu melhor resultado foi o terceiro lugar no GP da Europa deste ano, em Valência. saiba mais Substituto de Massa, dirigente e Sauber; veja boatos sobre Schumacher Italianos citam "bom trabalho" de Massa e "ultrapassagem cômoda" de Alonso Para Massa, qualifying é chave para bons resultados e vaga na Ferrari Em treino, Hamilton conquista a pole na Hungria Alonso conquista pole na Alemanha na última volta; Massa é o 14º Leia mais sobre Fórmula 1
Contudo, a Mercedes optou pela juventude de Lewis Hamilton e anunciou a contratação do campeão mundial de 2008 há seis dias, em uma transação que envolverá o pagamento de R$ 200 milhões por três anos de contrato para tirar o piloto britânico da McLaren. Desta forma, Schumacher ficou sem espaço para tentar continuar sua carreira na Mercedes.
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Em entrevista coletiva convocada nesta tarde, em Suzuka — madrugada no horário de Brasília —, Schumacher, tendo Norbert Haug à sua direita e Ross Brawn à esquerda, justificou seu adeus definitivo como piloto de F1. “Sem dúvidas, não alcançamos as nossas metas, mas posso ficar feliz com os resultados na minha carreira de uma forma geral”, disse o heptacampeão mundial. “Gostaria de agradecer a Daimler, Mercedes-Benz, à equipe, meus engenheiros e meus mecânicos pela confiança depositada em mim”, comentou um satisfeito Schumacher.
“Tomei a decisão de me aposentar da F1 no fim da temporada, embora eu ainda seja capaz de competir com os melhores pilotos do mundo. Isso é algo que me deixa orgulhoso, e isso é parte da razão pela qual jamais me arrependi do meu retorno. Fico feliz com o meu desempenho e com o fato de eu seguir competitivo durante os últimos três anos. Mas então, em algum momento, é hora de dizer adeus”, disse o lendário piloto alemão, já em tom de despedida.
Schumacher terá seis corridas pela frente antes de se despedir da F1 de maneira definitiva. Além do GP do Japão, o alemão, hoje com 43 anos, disputará os GPs da Coreia do Sul, Índia, Abu Dhabi, Estados Unidos e Brasil, repetindo 2006, quando também se ‘aposentou’ da F1 em Interlagos. “Gostaria de me concentrar agora no fim da temporada e curtir essas corridas com vocês”, falou o maior vencedor da história da F1.
Ao justificar seu adeus da F1, Schumacher revelou que a motivação pesou de maneira decisiva. “Estive pensando por um bom tempo sobre isso. Tive um acordo de três anos, difícil manter a motivação e a energia, é natural que você pense mais sobre isso do que quando você é jovem. Tive minhas dúvidas por um bom tempo se eu teria energia para seguir. Disse em 2006 que minha bateria estava vazia, e agora estou na zona vermelha. Não sei se há tempo para recarrega-las, mas estou ansioso pela minha liberdade”, disse o piloto alemão, sem mágoas.
“Durante as últimas semanas e meses eu não tinha a certeza se ainda teria a motivação e energia que é preciso para continuar, e não é do meu estilo fazer qualquer coisa que eu não esteja 100% envolvido. Com a decisão de hoje, me sinto livre destas dúvidas. No fim das contas, não está em jogo a minha ambição apenas por pilotar, mas sim por lutar por vitórias, e o prazer da pilotagem é alimentado pela competitividade”, ressaltando o espírito combativo que marcou toda sua carreira na F1, iniciada no GP da Bélgica de 1991, ainda pela Jordan.
Michael citou as duras críticas recebidas, sobretudo no seu período como piloto da Mercedes, e considerou parte delas justa. “Disse, no fim de 2009, que gostaria de ser avaliado pelo meu sucesso, e é por isso que recebi uma série de críticas nos últimos três anos, o que em parte se justifica. É, sem dúvidas, o fato de não alcançar o nosso objetivo de desenvolver um carro capaz de lutar pelo campeonato nesses três anos. É também, sem dúvidas, não poder fornecer uma perspectiva de longo prazo para ninguém. Mas, então, também está claro que eu ainda posso ficar muito feliz com meus resultados gerais na F1.”
Schumacher deixa a F1, agora de maneira definitiva, após ter aprendido muito. O maior vencedor da história da categoria ressaltou seu aprendizado, sobretudo nos três anos em que ficou parado e nos outros três como piloto da Mercedes. “Nos últimos seis anos eu aprendi muito, também sobre mim, e sou grato por isso. Por exemplo, você pode ser um cara aberto sem perder o foco. Que perder pode ser mais difícil e mais instrutivo do que ganhar, algo que eu tinha perdido de vista, por vezes, em anos anteriores. Que você tem de apreciar e ser capaz de fazer o que você ama. Que você tem de viver suas convicções. Abri meu horizonte, e estou à vontade comigo mesmo”, explicou o piloto, livre para seguir sua vida fora da F1.
“Não tenho ressentimentos. Agora vou fazer exatamente o que fiz da primeira vez, terminar [a carreira] e focar 100% no que eu fizer”, concluiu Schumacher, encerrando não apenas a entrevista coletiva, mas também vários rumores sobre seu futuro na categoria.
Após a Mercedes anunciar Hamilton para seu lugar a partir da próxima temporada, Michael passou a ser cotado, sobretudo pela mídia europeia, como um dos favoritos a uma vaga na Sauber. A própria diretora da equipe suíça, Monisha Kaltenborn, mostrou interesse na contratação do heptacampeão, que teve seu futuro ligado também à Ferrari, onde, em teoria, poderia fazer uma temporada de despedida na equipe onde ganhou cinco dos seus sete títulos mundiais. Mas Schumacher optou por deixar a F1 no fim do ano e figurar para sempre na galeria dos maiores mitos da história do esporte a motor.