Em nota divulgada neste domingo (31), a assessoria de imprensa do Instituto Lula voltou a negar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares sejam proprietários de um apartamento tríplex no litoral de São Paulo. O instituto também divulgou documentos sobre a aquisição da cota.
O Ministério Público de São Paulo investiga se o ex-presidente ocultou patrimônio em razão do triplex, que teria sido cedido à familia dele pela construtora OAS.
No texto, intitulado "Os documentos do Guarujá: desmontando a farsa" o Instituto Lula acusa adversários políticos e parte da imprensa de "criar um escândalo a partir de invencionices".
A assessoria do ex-presidente argumenta que ele nunca foi dono do apartamento, mas somente proprietário de cotas de um projeto da Bancoop, cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, adquiridas por sua esposa, Marisa Letícia. A cooperativa se tornou insolvente e transferiu imóveis inacabados para a construtora OAS.
O texto diz que a família do ex-presidente Lula investiu R$ 179.650,80 na compra da cota, que foi declarada à Receita e ao Tribunal Superior Eleitoral, segundo a assessoria do petista.
"Marisa Letícia tornou-se associada à Bancoop e adquiriu uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico, na praia de Astúrias, em Guarujá, balneário de classe média no litoral de São Paulo", diz o início da nota. O empreendimento mudou de nome – para Solaris – após a OAS assumir a construção do prédio.
"Quando o empreendimento Mar Cantábrico foi incorporado pela OAS e passou a se chamar Solaris, os pagamentos foram suspensos, porque Marisa Letícia deixou de receber boletos da Bancoop e não aderiu ao contrato com a nova incorporadora", afirma o Instituto Lula.
Visita ao condomínio
O Instituto Lula afirma, ainda, que o ex-presidente visitou o apartamento triplex de número 164-A acompanhado de sua esposa e do então presidente da OAS, Léo Pinheiro, preso na Operação Lava Jato.
"Lula e Marisa avaliaram que o imóvel não se adequava às necessidades e características da família, nas condições em que se encontrava. Foi a única ocasião em que o ex-presidente Lula esteve no local", diz a nota.
A versão de Lula diverge do depoimento do zelador do edifício Solaris, José Afonso Pinheiro, e da porteira do condomínio, Letícia Eduarda Rodrigues da Silva Rosa, que falaram ao Ministério Público.
Aos promotores de Justiça, Pinheiro relatou ter visto Lula no condomínio duas vezes na época em que o triplex estava sendo reformado pela Tallento Construtora Ltda, empresa contratada pela OAS.
José Afonso Pinheiro disse ainda que um funcionário da OAS, que ele identificou como Igor, chegou a pedir depois do Carnaval de 2015 que ele não falasse que o apartamento 164A seria de Lula e da ex-primeira-dama. Segundo ele, o funcionário da empreiteira solicitou que, caso alguém perguntasse, ele deveria se limitar a dizer que o triplex pertencia à OAS.
Desistência da cota
O Instituto Lula também afirma na nota que a família de Lula desistiu de utilizar a cota para adquirir um dos imóveis disponíveis no condomínio porque "as notícias infundadas, boatos e ilações romperam a privacidade necessária ao uso familiar do apartamento".
"A família do ex-presidente Lula solicitou à Bancoop a devolução do dinheiro aplicado na compra da cota-parte do empreendimento, em 36 parcelas, com um desconto de 10% do valor apurado, nas mesmas condições de todos os associados que não aderiram ao contrato com a OAS em 2009", afirma a assesoria.
A devolução do dinheiro aplicado à família do ex-presidente, segundo o instituto, ainda não começou a ser feita.
Perseguição
A assessoria de Lula conclui a nota afirmando que a "tentativa" de envolver o ex-presidnete no processo de investigação da Operação Lava Jato é a "maior campanha de perseguição que já se fez a um líder político neste país". O texto acusa os adversários políticos e a oposição de serem os responsáveis pela "campanha".
O instituto afirma que "fracassaram" as tentativas de envolvê-lo no escândalo bem como "caminham para o fracasso" as tentativas de envolvê-lo em um suposto esquema de compra e venda de medidas provisórias durante seu governo – esquema investigado pela Operação Zelotes.
"Aos adversários de Lula – duas vezes eleito presidente do Brasil, maior líder político do País, responsável pela maior ascensão social de toda a história – restou o patético recurso de procurar um crime num apartamento de 215 metros quadrados, que nunca pertenceu a Lula nem a sua família", diz a nota.
"A mesquinhez dessa “denúncia”, que restará sepultada nos autos e perante a História, é o final inglório da maior campanha de perseguição que já se fez a um líder político neste país. Sem ideias, sem propostas, sem rumo, a oposição acabou no Guarujá. Na mesma praia se expõem ao ridículo uma imprensa facciosa e seus agentes públicos partidarizados", conclui o instituto.