Cerca de 100 servidores municipais da saúde interditaram na manhã desta sexta-feira (6) a Rua Dr. Oto Tito, no bairro Redenção, Zona Sul da Capital, em frente ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT). De acordo com João Sérgio Moura, presidente do Sindicato dos Enfermeiros Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Estado do Piauí (Senatepi) o movimento é para protestar contra a decisão da diretoria do HUT que entrou com ação no Ministério Público solicitando a normatização da greve iniciada há três dias.
Segundo o sindicato, apenas os serviços que não são do setor de emergência estão sofrendo com a paralisação. “No centro cirúrgico e no setor de urgência e emergência estamos com 100% do nosso efetivo, já em outros setores o quadro de funcionários está reduzido”, explicou João Sérgio.
O presidente do sindicato informou que existem pelo menos 1.200 trabalhadores, entre enfermeiros auxiliares e técnicos em enfermagem, e destes 50% já aderiram ao movimento grevista.
“Queremos que a Prefeitura nos conceda o aumento de 5,85% que está dando a todos os servidores, mas excluiu nossa categoria alegando que já nos deu aumento. O problema é que eles consideram aumento a aprovação do nosso plano de carreira, aprovado no ano passado, após uma luta nossa que durou anos. Esse aumento concedido pela Prefeitura nada tem nada a ver com nosso plano de carreira”, explicou João Sérgio.
Para o presidente, não só os servidores, mas também os familiares de pacientes e a sociedade tem que apoiar a luta dos trabalhadores, que também é por melhores condições de trabalho e atendimento no hospital. “Falta aparelhos para medir pressão e até mesmo termômetro para os técnicos trabalharem e a população também sofre com essa superlotação do HUT. Estamos aqui hoje reunindo todos para irmos ao Ministério Público para explicar a nossa situação”, informou.
João Sérgio, também contestou a decisão da direção do HUT em substituir o servidores do Centro Cirúrgico que aderiram à greve. “Nós fizemos uma paralisação temporária e fomos com os servidores tentar dialogar com o diretor Gilberto Albuquerque, mas ele se negou a nos ouvir e a solução encontrada foi paralisar as atividades. No entanto, ele nos surpreendeu e substituiu ilegalmente estes trabalhadores por terceirizados”, afirmou João Sérgio.
A técnica em enfermagem Erica Batista trabalha no Centro Cirúrgico do HUT e reafirma a falta de condições de trabalho. “Faltam médicos, temos que correr de um lado para o outro tentando dar assistência aos pacientes, na maioria em estado gravíssimo, que precisam de UTI, mas acabam morrendo dentro das salas de recuperação do próprio centro cirúrgico. Temos alas no hospital que são verdadeiras salas do abandono, onde dezenas de pessoas morrem por dia”, denunciou Erica.
A técnica em enfermagem Izabel Sousa reclamou do baixo salário. “Muitos recebem menos de R$ 600, depois de tantos descontos. Trabalhamos sem estrutura alguma e não recebemos insalubridade. No hospital da Santa Maria da Codipi, falta até mesmo copos descartáveis e material de expediente”, reclamou Izabel.
Após as 11h desta sexta-feira (6) os servidores desocuparam a rua e confirmaram que iriam se reunir ainda na manhã de hoje com representantes do Ministério Público.