Piaui em Pauta

-
-
Em desafio a Boris Johnson, Pa

Em desafio a Boris Johnson, Parlamento aprova urgência para projeto que barra Brexit sem acordo.

Publicada em 03 de Setembro de 2019 �s 22h29


 LONDRES — O Parlamento britânico aprovou, na noite desta terça-feira, uma moção de urgência para a votação de um projeto de lei que pretende impedir que a saída do Reino Unido da União Europeia aconteça sem um acordo de transição. Foi a maior derrota do primeiro-ministro Boris Johnson desde que ele assumiu o cargo, em 24 de julho, com um discurso de que o Brexit aconteceria "de qualquer maneira" no prazo previsto, 31 de outubro. Foram 328 votos a favor, sendo 21 de conservadores, e 301 contra.

» Siga-nos no Twitter


Derrotado, Johnson ameaçou propor eleições se a medida for aprovada nesta quarta. Desde 1894 um premier britânico não era derrotado em sua primeira votação no Parlamento.

— Teremos que fazer uma escolha. Não quero uma eleição, mas a população terá que escolher quem irá a Bruxelas em 17 de outubro para resolver isso. Se os parlamentares votarem por mais um adiamento sem sentido, o único caminho adiante será uma eleição — afirmou, referindo-se à data de reunião do Conselho Europeu, uma última oportunidade para um novo acordo ou para uma extensão do Brexit.

Expulsão de rebeldes
Entre os rebeldes estão o neto do ex-premier Winston Churchill, Nicholas Soames , além de dois ex-ministros das Finanças, Philip Hammond e Kenneth Clarke . Segundo um porta-voz do governo, todos que votaram a favor da moção de urgência serão expulsos do partido.

Soames disse que esse não era o fim do Partido Conservador como conhecemos hoje, mas que "foi uma noite ruim".

— Isso é exatamente o que eles queriam e eles vão tentar forçar uma eleição geral — afirmou Soames, se referindo a Boris Johnson.

Além dos conservadores, também houve dissidências na oposição: dois trabalhistas e três independentes votaram contra a moção de urgência.

PUBLICIDADE

A lei, se aprovada, obrigará o premier a pedir à União Europeia uma extensão de três meses do prazo para o Brexit. Com isso, a única possibilidade de um Brexit sem acordo seria se o próprio Parlamento aprovasse a iniciativa — o que é difícil, já que 21 parlamentares do Partido Conservador de Johnson se uniram à oposição para aprovar a tramitação do projeto de lei em regime de urgência. Um deles, Guto Bebb, disse para o primeiro-ministro "se preparar para uma nova derrota".

Se passar pelo Parlamento, a medida segue para a Câmara dos Lordes , onde será analisada a partir de quinta-feira .

LEIA MAIS : Entenda em cinco pontos o cabo de guerra entre Boris Johnson e o Parlamento britânico

Embora Johnson tenha dito que vai propor a convocação de eleições se a lei for aprovada, a moção precisa do aval de dois terços dos parlamentares. O líder trabalhista, Jeremy Corbyn , respondeu que só apoiaria novas eleições se antes for votada a lei que impede a saída da UE sem acordo.

— Ele quer propor uma moção sobre uma eleição geral? Ótimo. Aprove a lei primeiro, para tirar da mesa a possibilidade de sair sem acordo — disse Corbyn.

Segundo fontes próximas ao governo, se for mesmo convocada, a votação deve acontecer no dia 14 de outubro , e o cenário dependerá dos resultados das urnas e das negociações para formar um governo, algo que normalmente toma tempo. Uma vitória dos conservadores pode dar força a Johnson para seguir com o Brexit "a qualquer custo". Mas, em caso de vitória da oposição, com Corbyn surgindo como principal nome para comandar o país, um pedido para uma nova extensão deverá ser feito a Bruxelas. Um segundo referendo também é uma possibilidade concreta.

Batalha por prazos
Um dos principais defensores do Brexit, Boris Johnson assumiu o cargo após o fracasso da ex-premier Theresa May em aprovar um acordo de transição — o texto foi rejeitado três vezes pelo Parlamento. Desde a campanha interna para a liderança no Partido Conservador, ele afirmava que iria retirar o país da União Europeia "com ou sem acordo" no dia 31 de outubro.

Ao assumir o cargo, em julho, deu início a conversas com os líderes europeus em busca de um acerto, mas esbarrou em questões como a fronteira com a Irlanda — a única divisa terrestre com o bloco. Bruxelas argumenta que o estabelecimento de uma fronteira física, com controle de pessoas e mercadorias, colocaria em risco o acordo de paz de 1998 entre as duas Irlandas.

Para superar o impasse, foi proposto um mecanismo de transição, que, na prática, manteria os britânicos na união aduaneira até um acerto definitivo. Para Johnson, a ideia é uma forma de Bruxelas evitar a saída britânica.

Críticos, incluindo muitos parlamentares, afirmam que não há mais tempo para resolver a questão antes de 31 de outubro, por isso defendem mais uma extensão do prazo, a terceira este ano . Eles dizem que um Brexit sem acordo pode ter consequências catastróficas ao país, incluindo falta de alimentos, recessão, fuga de capitais e incerteza no comércio exterior.

Governo de minoria
Johnson, porém, não se mostra disposto a aceitar um novo adiamento. Já prevendo questionamentos, ele anunciou, na semana passada, que iria suspender os trabalhos parlamentares a partir da semana que vem até o dia 13 de outubro . Com isso, ele praticamente bloquearia qualquer ação para esticar o prazo. A medida foi vista por alguns como um "golpe contra a democracia", levando a uma série de protestos nas ruas e questionamentos judiciais.

A suspensão também corroeu de forma definitiva o apoio a sua estratégia para o Brexit. Tanto que, já nesta terça-feira, primeiro dia depois do retorno do recesso de verão, foi apresentado o projeto de lei que será votado nesta quarta.

Johnson não cedeu à pressão inicial.

— Eu quero que todos saibam que não há circunstâncias sob as quais eu pedirei para Bruxelas adiar o prazo — disse ele na segunda-feira, com gritos de "parem o golpe" ao fundo. — Nós vamos sair da União Europeia no dia 31 de outubro, sem mas nem porém.

O discurso não deu resultado, pelo contrário. Durante a discussão prévia, um dos deputados conservadores, Phillip Lee , anunciou que passaria a votar com o Partido Liberal Democrata. Com o anúncio, Johnson perdia sua maioria no Parlamento, que era de apenas um voto. Horas depois, seria derrotado na votação de urgência.
Tags: Em desafio a Boris - LONDRES ? O Parlamen

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
Comente atrav�s do Facebook
Mat�rias Relacionadas
Publicidade Assembléia Legislativa (ALEPI)
Publicidade FIEPI
Publicidade FSA