Empregadores americanos criaram mais de 200 mil empregos em maio, mostrando que o país pode ter um sólido crescimento, apesar da fraqueza na Europa e em outras regiões. A economia americana criou 217 mil postos de trabalho no mês passado, quase todos em empresas privadas, informou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira.
O avanço no mercado de trabalho levou a uma nova alta no número total de trabalhadores americanos, superando pela primeira vez os 8,7 milhões de empregos perdidos durante a grande recessão de 2008-2009.
Contudo, ainda não há progresso na baixíssima taxa de participação da força de trabalho, que recuou para 62,8%, em comparação com os 66% registrados na véspera da recessão. Isso sugere que a economia ainda está longe de chegar ao pleno emprego.
Cerca de 9,8 milhões de pessoas continuam desempregadas, segundo dados de abril.
A taxa de desemprego caiu pelo segundo mês consecutivo para 6,3%, após uma queda acentuada em relação aos 6,7% em março, sobretudo por causa do grande número de pessoas que deixaram de integrar a força de trabalho.
Mesmo assim, economistas afirmam que os números de maio são fortes o suficiente para sugerir que a economia vem ganhando velocidade após a contração de 1% no primeiro trimestre do ano.
Alguns analistas projetam um avanço ainda maior no número de empregos no segundo semestre do ano.
"Este é um informe consistente, com a quarta marca consecutiva acima dos 200 mil (postos criados), o que não acontecia há mais de 14 anos", disse Ian Shepherdson, do Pantheon Macroeconomics.
- Mais empregos, mas fraco crescimento dos salários -
O número de pessoas que precisa trabalhar meio período porque não encontra empregos em horário integral caiu, mas o crescimento dos salários foi mais lento neste mês.
Quase todos os ganhos de maio aconteceram no setor privado, já que o governo contratou somente mil trabalhadores.
O maior incremento dos postos de trabalho veio dos setores de saúde e de assistência social, onde 55 mil de posições foram criadas. A indústria de lazer e a hotelaria criaram 39 mil empregos, assim como os setores de comércio e de transportes.
O setor de construção civil, que os economistas esperam que puxe a economia, permanece relativamente fraco, somando apenas 6 mil vagas. A Moody"s Analytics ressaltou que ultrapassar o índice de antes da recessão no número de pessoas empregadas, de 138,5 milhões em maio, é um objetivo modesto, tendo em vista que a população americana cresceu em 14 milhões de pessoas nos últimos seis anos.
"O mercado de trabalho precisaria criar duas vezes mais vagas para acomodar o crescimento da população economicamente ativa, mesmo com a baixa taxa atual de participação na força de trabalho.
Os economistas da Moody"s afirmaram que o crescimento dos salários continua fraco, e que, com tantos novos empregos sendo criados nos setores que pagam menos, as pessoas que deixam o mercado de trabalho têm pouco incentivo para retornar.
Os analistas, no entanto, não são unânimes em afirmar que esses dados são suficientes para pressionar o Federal Reserve a rever suas projeções da taxa de inflação ou de quando deverá elevar sua taxa de juros, movimento previsto apenas para meados de 2015.
"Uma ampla gama de indicadores do mercado de trabalho sugere que a economia americana está a uma certa distância do pleno emprego, possivelmente três anos...", destacaram os economistas da BMO Markets.