O dono de carro feito refém durante fuga dos dois suspeitos de assaltar as agências bancárias de Campo Maior, no dia 30 de abril, contou ao G1 os momentos de terror que ele e mais quatro passageiros passaram na quarta-feira (8). Os criminosos abordaram as vítimas em Barras e seguiram em direção a Teresina, onde furaram o bloqueio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Um deles foi morto nessa quinta-feira (9) em confronto com a polícia e o outro continua foragido.
O proprietário do veículo preferiu não se identificar com medo de represália dos integrantes da quadrilha que continuam foragidos. Ele trabalha como motorista particular e trazia quatro moradores de São João do Arraial para consulta médica em Teresina.
"Saímos 3h30 de São João do Arraial em direção a Teresina. Ao chegar na entrada de Barras, por volta das 5h20, passei devagar por causa dos buracos na pista e os dois homens aproveitaram e pularam na frente do carro. Dei o veículo para os assaltantes levarem, mas eles queriam que a gente fosse junto, com receio de alguém chamar a polícia", contou.
Um dos assaltantes assumiu a direção do carro e o outro ficou no banco do passageiro da frente, enquanto os cinco reféns (três homens e duas mulheres) ficaram atrás. Apesar dos bandidos estarem armados com um fuzil e outro com uma pistola, a vítima afirmou não ter sido ameaçada.
"Eles nunca apontaram a arma ou fizeram ameaças. Só conversavam entre eles que queriam chegar logo em Teresina, porque estaria tudo bem. Sempre dirigindo em alta velocidade, todo o tempo 180 a 200 km/h. Passando por Campo Maior, eles perceberam que estavam sendo perseguidos e aceleram ainda mais. Achei que ia morrer a qualquer momento", disse.
Ao chegar próximo ao posto da PRF em Teresina, a vítima contou que o assaltante pensou em passar normalmente pela fiscalização. No entanto, ao perceber a aproximação da polícia ele acelerou e dirigiu na contramão.
"Todo mundo gritou na hora. Sete tiros pegaram no carro e mesmo com o pneu furado, o assaltante continuou dirigindo em alta velocidade. Eu falei para eles que o carro iria virar com todos nós, que era melhor pegarem outro veículo e deixar a gente ir embora. O que estava na direção parou o carro e pegou outro na BR-343, deixando a gente lá", lembrou.
O motorista revelou ter dito um prejuízo de R$ 1.500 mil para consertar o carro. Apesar disso, a vítima agradeceu pela vida: 'Estou vivo, isso que importa'.
Até o momento, nove homens foram mortos e seis foram presos suspeitos de participação no crime. A maioria dos suspeitos é natural de Uberlândia (MG) e a polícia acredita que o suposto chefe da quadrilha seria um piauiense, Paulo França, que também foi morto em troca de tiros com policiais.
Segundo o secretário de segurança, Fábio Abreu, a quadrilha roubou R$ 229 mil das duas agências em Campo Maior. Até o momento, a polícia recuperou R$ 70 mil que estavam com os suspeitos mortos durante confronto. Parte das notas encontradas em Barras estava queimada.
Assalto duplo
Um grupo formado por mais de 10 homens explodiu duas agências bancárias ao mesmo tempo em Campo Maior, a 80 km de Teresina, na madrugada de terça-feira (30). Três pessoas foram feitas reféns e liberadas durante a fuga dos criminosos na entrada da cidade. Ninguém ficou ferido.
As duas agências ficam a menos de 200 metros de distância uma da outra. De acordo com o major Etevaldo Alves, comandante da Polícia Militar de Campo Maior, o grupo fez disparos com fuzis pelas ruas da cidade, na intenção de causar medo nos moradores.
A imagens de uma câmera de segurança, que mostram o momento em que os criminosos explodem a Caixa Econômica Federal em Campo Maior, uma das agências alvo. Outro vídeo mostra os bandidos chegando à cidade no carro.