O dólar opera em queda nesta quinta-fiera (30) após o Banco Central surpreender e elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, a 11,25% ao ano, citando maiores riscos à inflação.
Por volta de 13h40, a moeda norte-americana recuava 2,52%, a R$ 2,4062 na venda. Mais cedo, o dólar operava a R$ 2,3997. Veja a cotação.
Para os investidores, a alta da taxa Selic alimenta expectativas de fluxo positivo ao Brasil e de que a condução da política econômica pode tomar rumo mais favorável aos olhos do mercado. A política econômica do governo de Dilma Rousseff, reeleita no domingo, recebeu fortes críticas por causar inflação elevada e baixo crescimento, em meio a uma política fiscal pouco transparente.
"O aumento dos juros dá uma animada no mercado por causa da expectativa de fluxo, mas principalmente porque é um indício de que o governo está mais preocupado com a inflação", afirmou à Reuters o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
A decisão do BC de aumentar os juros pegou o mercado no contrapé, em meio a amplas expectativas de que a Selic só voltaria a subir no ano que vem, num cenário de inflação elevada e atividade fraca.
O mercado aguardará mais pistas sobre como será a política fiscal nos próximos quatro anos para confirmar suas apostas sobre a política econômica. Também continuará no radar a nomeação do próximo ministro da Fazenda.
"É um ótimo primeiro passo e parece que o mercado está bem feliz, mas ainda há um caminho longo à frente", disse o operador de câmbio da corretora B&T, Marcos Trabbold.
A expectativa de maior entrada de recursos estrangeiros no Brasil também ajudava na baixa no dólaro, com maior potencial de investimentos externos vindo para o Brasil em busca de mais rendimentos com a Selic maior.
Pelo terceiro dia seguido, o movimento do câmbio era turbinado também por fatores técnicos, com muitos investidores desfazendo apostas na alta do dólar que haviam sido montadas antes do segundo turno das eleições. Muitos analistas afirmam que a vitória de Dilma já havia sido precificada.
"A posição técnica favorece esse movimento de queda. Todo mundo estava comprado (em dólar) e quando há quedas fortes como nesses últimos dias, essas posições acabam sendo desmontadas", disse o operador de um importante banco internacional.
A perspectiva de que o presidente do BC, Alexandre Tombini, continue em seu cargo e estenda o programa de intervenções diárias no câmbio em 2015 também tem contribuído para a queda do dólar ante o real nos últimos dias.
Nesta quinta, o Banco Central dá continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, com oferta de até 4 mil swaps com vencimentos em 1º de junho e 1º de setembro de 2015.
O BC também faz nesta sessão o que deve ser o último leilão de rolagem dos swaps que vencem em 3 de novembro, equivalentes a US$ 8,84 bilhões, com oferta de até 8 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 93% do lote total.
Na véspera, o dólar fechou em baixa, com investidores à espera do anúncio do Federal Reserve, banco central norte-americano. A moeda norte-americana caiu 0,23% frente o real, cotada a R$ 2,4684 na venda. Na semana, a moeda acumula alta de 0,46%. No mês, a valorização é de 0,83% e no ano, de 4,70%.
No final do dia, o Fed anunciou, sem surpresas, que não comprará mais ativos para estimular a economia dos Estados Unidos e que manterá as taxas de juros perto de zero.