RIO — O dólar opera em alta ante o real pelo quarto pregão seguido nesta segunda-feira, batendo uma máxima desde 2004 e se aproximando de R$ 2,80. A moeda reage à piora da perspectiva de inflação e crescimento para o Brasil na pesquisa Focus, do Banco Central, e à crescente aversão a risco no cenário global por conta de Grécia e China. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Petrobras registra sua terceira queda consecutiva desde que Maria das Graças Foster renunciou à presidência da companhia. Embora os investidores achassem necessária sua saída, os mercados reagiram mal à nomeação de Aldemir Bendine, até então presidente do Banco do Brasil, para o cargo. As ações da companhia caem mais de 2%. O índice de referência Ibovespa recua 0,32%, aos 48.636 pontos.
Às 12h04m, o dólar comercial registrava alta de 0,50%, cotada a R$ 2,790 para compra e a R$ 2,792 para venda. Na máxima do dia, chegou a valer R$ 2,795. Nos contratos negociados no mercado futuro, a taxa para os vencimentos em março alcançou R$ 2,807.
— A alta se dá tanto por motivos externos quanto domésticos. Lá fora, ainda pressiona a moeda a expectativa de que os Estados Unidos irão aumentar os juros. Aqui, além de todo o momento ruim da economia, há a noção de que a nova equipe econômica vai reduzir a intervenção no câmbio. Então a tendência é de continuidade de alta, embora no dia de hoje, especificamente, não tenha ocorrido qualquer fato relevante capaz de fazê-lo disparar — explicou Hideaki Iha, operador de câmbio na Fair Corretora.
Investidores seguem comprando a moeda americana em meio ao noticiário externo negativo e ao quadro incerto no mercado local. Aumentam as apostas de que a Grécia possa deixar a zona do euro, conforme diminuem as chances de um acordo entre Atenas e seus credores. Na China, as importações desabaram em janeiro quase 20%, evidenciando o enfraquecimento da atividade na segunda maior economia do mundo, o que tem desdobramentos em outros importantes mercados, como o Brasil. Do lado doméstico, a deterioração persistente nas expectativas de crescimento econômico, crescentes dúvidas sobre a viabilidade da meta fiscal e os ruídos em torno da Petrobras mantêm o pano de fundo que alimenta a demanda por dólares.
CREDIT SUISSE RECOMENDA VENDA DE AÇÕES DA PETROBRAS
As ações ordinárias (ON, com voto) da Petrobras recuam 1,66%, enquanto a preferencial (PN, sem voto) tem baixa de 2,30%. Nesta segunda-feira, o banco Credit Suisse passou a recomendar a venda dos papéis da companhia, justificando a decisão com a alta volatilidade dos papéis.
“Em meio à forte volatilidade, com oscilações em um dia de 5 a 10% se tornando cada vez mais comuns, e incertezas com preço do petróleo, câmbio, resultados auditados, baixa contábil, covenants, mudanças gerenciais, entre outros, avaliamos que os investidores parecem mais inclinados a negociar PBR com base em sentimentos”, disse o relatório do Credit Suisse.
Na Europa, as Bolsa registram queda consistente, com a índice de referência Euro Stoxx recuando 1,50%, enquanto a Bolsa de Londres cai 0,67% e a de Frankfurt, 1,46%. Puxam bara baixo os papéis o desemprenho dos bancos, depois de o novo primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, reafirmar sua oposição à política de austeridade no domingo.