RIO - O dólar opera em alta pelo quinto dia consecutivo nesta quinta-feira, chegando a atingir a máxima de R$ 3,814 durante a primeira hora de negociação. Desde 10 de dezembro de 2002 a divisa não fecha acima de R$ 3,80. A moeda americana avança no momento 1,32%, cotada a R$ 3,810 para compra e a R$ 3,812 para venda. Em 12 meses, a divisa acumula salto superior 70%; em 2015, a alta já é de 43%. Com a disparada do câmbio, o dólar turismo em espécie ultrapassou ontem a barreira dos R$ 4 nas casas de câmbio, enquanto chegava a R$ 4,27 no cartão pré-pago. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanha os mercados estrangeiros e registra alta de 0,98% no índice de referência Ibovespa, aos 46.920 pontos.
Assim como na véspera, os investidores seguem com dúvidas sobre a permanência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e preocupados com a potencial aprovação de novos gastos pelo Congresso Nacional. Ontem, esses fatores fizeram o dólar subir 2,06%, a R$ 3,762 — o maior valor de fechamento desde os R$ 3,79 de 12 de dezembro de 2002.
Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo” publicada nesta quinta, o ministro Levy procurou ontem a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, para se queixar de isolamento e falta de apoio dentro do governo. De acordo com o jornal, Levy indicou que pode deixar o cargo se a situação não mudar. Teria sido essa conversa com o ministro que levou a presidente a defendê-lo publicamente na quarta, dizendo que ele não está isolado.
— O dólar a R$ 4, que ninguém acreditava, já é inevitável. Agora o mercado financeiro começará a especular sobre o quanto além disso ele irá. O país exporta pouco e tem atraído menos capital especulativo, então há muito pouco fluxo de entrada de dólares. Quanto ao Levy, os agentes do mercado não querem acreditar na saída dele mas todo mundo sabe que ela também é inevitável — afirmou Italo Abucater, gerente de câmbio da corretora Icap do Brasil.
Hoje, os investidores devem repercutir também a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que anunciou na noite de quarta ter decidido parar de subir a taxa de juros básicos, a Selic, após sete altas seguidas e mantê-la em 14,25% ao ano.
PUBLICIDADE
EUROPA EMITE BONS SINAIS E AÇÕES SOBEM
Na Europa, as ações operam em alta pelo segundo dia, seguindo o desempenho das commodities após dados positivos sobre a recuperação econômica no continente. Hoje, um indicador de atividade nos setores industrial e de serviços na Zona do Euro mostrou o melhor resultado desde maio de 2011. Um feriado de dois dias na China também alivia a tensão dos investidores, uma vez que os mercados do país asiático vinham sendo os responsáveis pela turbulência global nas últimas semanas.
A mercado também repercute a decisão do Banco Central Europeu (BCE), que deixou as taxas de juros da zona do euro inalteradas nesta quinta, deixando-as nas mínimas recordes enquanto estimula a economia por meio da compra de títulos soberanos. A taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, segue em 0,05%. Já a taxa de depósitos foi mantida em -0,20% — ou seja, os bancos continuam pagando para deixarem o dinheiro estacionado. A taxa de empréstimos continuou em 0,30%.
A Bolsa de Londres opera em alta de 1,34%, enquanto a de Paris avança 1,04%. Em Frankfurt, a alta é de 1,6%. O índice de referência europeu Euro Stoxx registra valorização de 1,14%.