O dólar comercial fechou em alta de 1,36%, a R$ 2,142 na venda nesta sexta-feira (31), mesmo depois de o Banco Central ter atuado no mercado para tentar segurar a alta.
É o maior valor de fechamento em mais de quatro anos, desde o dia 5 de maio de 2009, quando o dólar valia R$ 2,149, em meio ao auge da crise econômica mundial.
Em maio, o dólar subiu 7,04%, a maior alta mensal desde setembro de 2011 (quando a moeda aumentou 18,15%). Na semana, a alta foi de 4,38%.
Nesta sexta-feira, o BC fez um leilão de 30 mil contratos equivalentes à venda de dólares no futuro, e conseguiu vender 17,6 mil deles. A última vez que o banco tinha atuado no mercado de câmbio foi no final de março deste ano, quando o dólar se aproximava de R$ 2,03.
Segundo analistas, a ação do BC visou frear a especulação causada pela formação da taxa Ptax, que serve de referência para vários contratos futuros, mas que ainda é cedo para entender qual seria o novo limite máximo para a cotação.
"A tendência mundial é de valorização do dólar, só que tudo tem um teto. Então, o mercado está testando", disse o operador de câmbio da Advanced Reginaldo Siaca.
Os mercados mundiais estão reagindo à possibilidade de o Federal Reserve, banco central norte-americano, reduzir em breve seu estímulo mensal de US$ 85 bilhões diante dos sinais de recuperação da maior economia do mundo.
Essa decisão limitaria a oferta de dólares nos mercados mundiais, fazendo com que o preço da moeda ficasse mais alto.
Nesta sexta-feira, essa avaliação ganhou força com a divulgação de que a confiança do consumidor norte-americano chegou ao maior patamar em quase seis anos.
Ação do Banco Central
Antes de anunciar o leilão de swap cambial tradicional --equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro-- no início da tarde, o BC fez pesquisa de interesse para a operação. Após o leilão nesta sessão, o dólar chegar a reduzir parte de seus ganhos, chegando a R$ 2,119 na venda, mas em seguida voltou a ganhar força.
A alta da moeda também foi influenciada pela ação de especuladores, que tentavam pressionar a cotação por causa da formação da Ptax de maio.
O cenário externo e a pressão dos investidores acabou ofuscando a alta da Selic a 8% ao ano, medida que tende a elevar a atratividade do país para investidores estrangeiros.
Uma fonte do governo disse nesta sexta-feira à agência de notícias Reuters que a alta da Selic tende a reduzir a alta do dólar ante o real, mas que ainda é cedo para falar o que vai acontecer com o câmbio no futuro próximo devido aos sinais de melhora da economia norte-americana.
Analistas destacavam ainda que recentes declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, colocavam dúvidas sobre possível novo nível de intervenção do BC, uma vez que o ministro disse que o câmbio não será usado como ferramenta de combate à inflação.