O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (10), depois que a agência de risco Standard & Poor's tirou o grau de investimento – o "selo de bom pagador" do Brasil. A cotação chegou a superar os R$ 3,90, mas perdeu parte da força depois que o BC anunciou leilões de dólares nesta quinta. A alta também foi contida, segundo a Reuters, pela percepção de que outra agência internacional de risco, a Fitch, deve manter por enquanto o grau de investimento do país.
A moeda dos EUA subiu 1,34%, a R$ 3,8504. Veja cotação.
Na máxima da sessão, logo após a abertura, o dólar saltou 3,1% e alcançou R$ 3,9173, o maior nível intradia desde 23 de outubro de 2002 (R$ 3,92).
Em outubro de 2002, o dólar atingiu seus recordes intradia e de fechamento, de R$ 4 e R$ 3,99, respectivamente, segundo a Reuters.
Veja cotação da moeda ao longo do dia:
Às 9h10, subia 2,53%, a R$ 3,8955.
Às 9h30, subia 2,69%, a R$ 3,9015
Às 9h50, subia 2,54%, a R$ 3,8958
Às 10h, subia 2,02%, a R$ 3,876
Às 10h10, subia 1,56%, a R$ 3,858
Às 10h30, subia 1,89%, a R$ 3,87
Às 10h45, subia 1,52%, a R$ 3,8572
Às 11h, subia 1,7%, a R$ 3,8638
Às 11h20, subia 2,04%, a R$ 3,8770
Às 11h40, subia 2,09%, a R$ 3,8787
Às 12h05, subia 1,87%, a R$ 3,8706
Às 12h25, subia 1,79%, a R$ 3,8673
Às 12h50, subia 1,58%, a R$ 3,8593
Às 13h35, subia 1,24%, a R$ 3,8466
Às 13h55, subia 0,95%, a R$ 3,8356.
Às 14h20, subia 1,01%, a R$ 3,8378.
Às 15h, subia 1,18%, a R$ 3,8443.
Às 15h20, subia 1,37%, a R$ 3,8516
Às 15h40, subia 1,64%, a R$ 3,8618
Às 16h10, subia 1,6%, a R$ 3,8603.
Essa forte valorização do dólar comercial reflete na cotação nas casas de câmbio, que vendem o dólar turismo, valor que é sempre maior que o divulgado no câmbio comercial. Em casas de câmbio pesquisadas pelo G1 nesta manhã, o dólar turismo se aproximou de R$ 4,30.
Na semana, a moeda tem queda acumulada de 0,26%. No mês e no ano, no entanto, há valorização de 6,16% e 44,82%, respectivamente.
"O dólar perto de R$ 4 está precificando tudo que está acontecendo", resumiu o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho, ressaltando que novos problemas na política e na economia no Brasil, bem como altas da moeda norte-americana nos mercados externos, devem elevar ainda mais a cotação da divisa ante o real.
Leilão do BC
Além de se surpreender com a velocidade da ação da S&P, o mercado também se decepcionou com a entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante a tarde.
O avanço da moeda norte-americana foi amortecido, no entanto, pelo leilão do BC de venda de até US$ 1,5 bilhão com compromisso de recompra. Segundo a assessoria de imprensa da autoridade monetária, a operação não serve para rolar uma linha já existente.
A taxa de corte ficou em R$ 4,014460 na primeira etapa da operação, com data de recompra em 4 de janeiro de 2016. Na segunda, para 4 de abril de 2016, a taxa de corte ficou em R$ 4,121420.
O BC também deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Ao todo, já rolou o correspondente a US$ 3,181 bilhões, ou cerca de 33% do total de US$ 9,458 bilhões e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote até o fim deste mês.
Declarações da analista sênior da Fitch Shelly Shetty de que a agência ainda vê elementos apoiando o grau de investimento do Brasil também aliviaram um pouco a pressão cambial, ao reduzir as expectativas de que o país poderia perder o selo de bom pagador por outras agências. A Fitch classifica o Brasil atualmente em "BBB", com perspectiva negativa, ainda dois níveis acima do grau especulativo.
Para o gestor da Absolute Investimentos Roberto Campos, a alta da moeda norte-americana, apesar de intensa, tem sido "comportada", sem grandes fluxos de saída de dólares no mercado à vista. "Quem quer vender Brasil, tem feito no mercado futuro, pensando que volta (ao país) quando a poeira baixar", explicou.
Em agosto, o Brasil registrou entrada líquida de U$ 4,111 bilhões, refletindo ingressos tanto na conta financeira quanto na comercial.
Reações do governo
Pela manhã, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se com ministros e pediu urgência corte de gastos, além de ressaltar a necessidade de unidade e coesão da equipe. As informações são do Blog do Camarotti.
Na tarde desta quinta, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse em entrevista coletiva em Brasília que o governo voltará a perseguir um superávit primário - economia feita para pagar juros da dívida pública - de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. No final de agosto, o governo entregou ao Congresso um projeto de Orçamento prevendo gastos maiores que as receitas (déficit).
"Temos uma série de reformas estruturais que estamos conversando com o Congresso para botar o país pronto para receber esse novo ambiente [de crescimento]. Temos de trocar a fiação para a casa ficar bem bacana. Para isso, a gente precisa dessa 'ponte fiscal' que vai ser construída com corte de gastos, além dos R$ 80 bilhões neste ano e que vamos continuar fazendo no ano que vem, e eventualmente receitas [alta de tributos] que dêem solidez para a economia continuar crescendo", declarou Levy a jornalistas.
Bovespa
A Bovespa fechou em baixa nesta quinta, também reagindo à perda do grau de investimento do Brasil pela S&P. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 0,33%, a 46.503 pontos.