O Ministério Público Estadual do Piauí (MPE) informou durante coletiva nesta sexta-feira (15) que o dinheiro desviado da Prefeitura Redenção do Gurguéia seria utilizado na campanha eleitoral deste ano e em compra de votos. Conforme o MPE, em depoimento, os próprios investigados falaram qual seria o destino dos valores. O órgão estima que o prefeito da cidade, empresários e outros gestores públicos desviaram R$ 17 milhões, através de lilcitações fraudulentas.
Conforme o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Rômulo Cordão, o dinheiro também estava sendo usado para manter um padrão de vida de luxo das pessoas envolvidas no esquema criminoso. O uso do montante foi revelado pelos próprios investigados durante depoimentos.
.jpg)
Representantes do MPE, TCE, CGU e PRF durante coletiva (Foto: Fernando Brito/G1)
"Os depoimentos dos envolvidos colaboraram para esta informação. Boa parte dos investigados confirmaram a participação na fraude e deram detalhes de como tudo acontecia. A importância da operação também se sustenta uma vez que há provas que comprovam todo o esquema, desde os relatórios da Controladoria e também o próprio levantamento das irregularidades no município feito pelo Tribunal de Contas do Estado", contou Rômulo Cordão.
Diante das evidências, a Promotoria de Justiça solicitou o bloqueio dos bens do prefeito e alguns empresários. Eles teriam de cinco a seis carros de luxo, comprados a partir do dinheiro desviado da prefeitura. O órgão ainda não tem o total de bens dos envolvidos.
Ainda na coletiva, a Controladoria Geral da União (CGU) e TCE informou que a operação em Redenção do Gurguéia vai descadear invetigações em outras cidades, tendo em vista que as empresas investigadas têm ligação com municípios vizinhos.
"Preferimos manter o sigilo por enquanto. Não podemos detalhar porque as investigações continuam, mas o que temos é que através dessas empresas chegamos até o gestor, secretários e servidores", disse o promotor.
Edilson Correia, CGU, destacou o valor desviado em prefeitura (Foto: Fernando Brito/G1)
De acordo com o procurador de Justiça Cleandro Moura, pelo menos 40 pessoas e sete empresas são investigadas por suspeita de fraude, corrupção, superfaturamento e desvio de verbas públicas. Ele frisou que o montante desviado na cidade não impressiona.
"Mesmo sendo uma cidade tímida no interior do Piauí, sem estrutura de metrópole, o montante não impressiona até porque esse tipo de atividade fraudulenta não leva em conta o porte da prefeitura, não é uma ação exclusiva do porte da empresa ou município. Tem sido um costume por isso trabalhamos com uma matriz de vulnerabilidade, em que descobrirmos acordos entre prefeituras e empresas", disse Cleandro Moura.
Áudio revela fraude
A Polícia Civil do Piauí divulgou na noite de quinta-feira o áudio de uma conversa do prefeito de Redenção do Gurguéia, Delano Parente (PP), e um empresário, identificado apenas como Marcelo . Segundo o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Rômulo Cordão, na gravação o gestor preso durante a Operação Déspota negocia o valor de uma licitação (veja ao lado).
Os advogados do prefeito ainda não se manifestaram sobre as acusações feitas pelo Ministério Público.
Entenda o caso
A operação foi deflagrada no início da manhã da quinta-feira (14). Agentes do Ministério Público do Piauí, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e das Polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal estiveram nos municípios de Redenção de Gurguéia, Teresina e Bom Jesus.
Foram expedidos oito mandados de prisão preventiva, oito mandados de prisão temporária, três de condução coercitiva e onze de busca e apreensão.
As investigações foram desencadeadas depois que a Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério Público Estadual (MPE) descobrirem fortes indícios de corrupção, superfaturamento, emissão de notas fiscais frias, utilização de empresa de fachada e lavagem de dinheiro.