Possíveis adversários nas eleições do ano que vem, a presidente Dilma Rousseff e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), devem subir no mesmo palanque na próxima segunda-feira (25). Em mais uma parada de seu périplo pela região Nordeste, Dilma vai participar de solenidades no Recife e em Serra Talhada, município do sertão pernambucano.
No interior, a presidente irá anunciar investimentos na Adutora do Pajeú, obra de R$ 500 milhões, incluída no PAC2, que visa o abastecimento de água no sertão de Pernambuco. Na capital pernambucana, a agenda da presidente ainda está sendo definida.
O encontro é aguardado com ansiedade no meio político. O cancelamento da visita marcada para fevereiro, justificado pelo dedo quebrado da presidente, gerou mal estar entre aliados de Eduardo Campos, que perceberam certa "má vontade" por parte de Dilma.
Desde então, o governo pernambucano demonstrou seu desconforto ao deixar de especular sobre a visita presidencial ao Estado, informação muito demandada pela imprensa local. O Palácio do Campo das Princesas, sede do Executivo estadual, optou por deixar a divulgação da agenda a cargo do Palácio do Planalto.
Dilma vai desembarcar em Pernambuco menos de uma semana após a divulgação da pesquisa CNI/Ibope que apontou um patamar recorde de aprovação popular ao seu governo. O desempenho no Nordeste, superior à média nacional, dá a dimensão do desafio que Eduardo Campos terá pela frente.
Apesar de flertar com a unanimidade em Pernambuco e da grande influência política que exerce em alguns Estados nordestinos, Campos sabe o tamanho da aceitação que os programas sociais do governo petista têm na região, especialmente nas camadas mais pobres da população.
No meio político, a grande expectativa gira em torno dos discursos de Dilma e Campos na próxima segunda. A fim de garantir a hegemonia petista no Nordeste, a presidente tem ressaltado as parcerias com lideranças regionais, desde governadores do PT e do PSB até figuras como ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB).
Se celebrar a parceria com Campos, Dilma poderá colocar o pernambucano - que quer sua cadeira - em situação desconfortável. Se mencioná-lo sem muito entusiasmo, pode dar uma marretada decisiva na já combalida aliança entre PT e PSB.
Campos, se mantiver a postura que vem adotando, deve se ater a questões técnicas e administrativas, com agradecimento discreto ao papel do governo federal no crescimento apresentado por Pernambuco nos últimos anos.
Ainda não há confirmação sobre uma conversa reservada entre os dois. Apesar de a visita presidencial ser praticamente certa, há desconfiança em terras pernambucanas. Isso porque a ida de Dilma ao Ceará, prevista para a próxima sexta-feira, foi cancelada.