Após uma reunião de uma hora no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff e seu colega da Fifa, Joseph Blatter, decidiram nesta sexta-feira (16) aumentar o número de encontros para evitar desentendimentos como os que aconteceram nas últimas semanas. O governo e a entidade esportiva elevaram o tom das críticas recentemente, com direito à sugestão de “um chute no traseiro” do Brasil por conta dos atrasos em obras.
Blatter afirmou que não discutiu detalhes com a presidente. Entre os detalhes, estão a atuação do secretário-geral Jerôme Valcke e a substituição de Ricardo Teixeira por José Maria Marin na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Sobre o primeiro, afirmou que “ele continua trabalhando para a Fifa” e pediu tempo para resolver a falta de interlocução do francês com o Brasil. A respeito de Teixeira, disse que “mudanças são naturais”.
O último encontro dele com Dilma tinha sido em outubro, na Bélgica. A ideia é que as reuniões, sem prazos definidos, aconteçam sempre que possível no Brasil ou na Europa. Marin, ausente na reunião desta manhã, está na Argentina em reunião com o presidente da associação de futebol local, Julio Grondona. Na quinta-feira ele estava em Assunção. O nome dele não foi citado nenhuma vez na entrevista coletiva. Blatter preferiu focar em Dilma.
“Já era hora de o presidente da Fifa ter uma reunião com a presidente do Brasil”, disse o presidente da Fifa, ao lado do embaixador da Copa, Pelé, e do ex-jogador Ronaldo, membro do COL. “Foi uma boa reunião porque deu a oportunidade de trocarmos pontos de vista sobre a Copa. Concluímos que precisamos trabalhar juntos, de mãos dadas.” O suíço evitou comentar sobre a lei Geral da Copa, mas afirmou que acredita que o governo cumprirá as exigências.
Nas entrelinhas, sugeriu que o Congresso aprovará a lei Geral da Copa sem restrições à venda de bebida alcóolica – ponto mais polêmico do texto. “Confio nela e confio no Brasil”, disse. Antes da conversa, atrasada em uma hora por conta de Pelé, Blatter entregou à presidente uma foto emoldurada dele com a mandatária brasileira. Dilma prefere que as conversas com o dirigente sejam feitas pelo ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, e estava evitando o suíço.
Bombeiro
Pelé foi o único dos presentes na reunião a evitar o tom diplomático. “Disse à presidente Dilma para não me chamar de ministro, é para me chamar de bombeiro, para apagar as fogueiras. É isso que estou fazendo”, afirmou. O ex-jogador ocupou a pasta dos Esportes no governo de Fernando Henrique Cardoso.
“Eu pedi para que o presidente Blatter fizesse o esforço de fazer essa reunião com a nossa presidente para resolver todas as dúvidas e o mal entendido antes da Copa do Mundo”, disse. Pelé ajudo os comitês organizadores das Copas dos Estados Unidos, em 1994, e do Japão e da Coréia, em 2002. Ele chamou a reunião de “primeiro passo”.