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Dilma age contra resistência do agronegócio à reeleição

Publicada em 19 de Maio de 2014 �s 14h00


A reaproximação de Dilma com o agronegócio está sendo conduzida com apoio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), atual presidente da CNA A reaproximação de Dilma com o agronegócio está sendo conduzida com apoio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), atual presidente da CNA A presidente Dilma Rousseff dá nesta semana sua última cartada a fim de tentar atrair o agronegócio para sua campanha à reeleição e evitar que o setor feche por completo seu apoio ao pré-candidato do PSDB ao Planalto, senador Aécio Neves, e, em menor grau, ao pré-candidato do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Imagem: Roberto Stuckert Filho/13.05.2014/PRClique para ampliarA reaproximação de Dilma com o agronegócio está sendo conduzida com apoio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), atual presidente da CNA O primeiro passo será dado hoje, com o lançamento do Plano Safra 2014/15, que deve receber um aumento em relação ao orçamento de R$ 136 bilhões destinado ao financiamento do ciclo anterior. O passo seguinte, e talvez o mais importante, será um encontro de Dilma com lideranças do agronegócio ensaiado para ocorrer nos próximos dias no Palácio do Planalto. A reaproximação de Dilma com o agronegócio está sendo conduzida com apoio da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), atual presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). A ideia é romper a resistência do setor, com quem Dilma manteve boa relação em 2010, quando foi eleita. Kátia Abreu evita falar em crise entre a petista e os líderes ruralistas. — É bobagem querer fazer essa divisão de quem apoia ou não a presidente. Não existe uma classe desse tamanho unânime. Pelo diagnóstico do Planalto, pecuaristas, produtores de cana-de-açúcar e parte do segmento da soja estão próximos da oposição. Mas ainda há quem possa estar com o governo, caso dos grandes produtores de soja. Soja Dilma tem boa relação com o senador Blairo Maggi (PR-MT), de uma família que é a maior produtora de soja do Brasil. A presidente colocou como titular da Agricultura na reforma ministerial do início deste ano o seu indicado, ministro Neri Geller, que também é produtor do grão no Mato Grosso. O presidente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), Rui Prado, representante do setor no principal Estado produtor do grão, afirma, porém, que "os grandes produtores estão com o governo, mas com os médios produtores não é bem assim". A soja é o carro-chefe das exportações brasileiras. Segundo Prado, uma pesquisa ouvindo 50 lideranças ruralistas mato-grossenses constatou que a maioria está descontente com a lentidão de investimentos estatais em infraestrutura. O gargalo da logística também é indicado pelo presidente da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), Almir Dalpasquale. — Temos a observação de que o setor não é unânime. Se a Aprosoja apoiasse a presidente Dilma, talvez não tivesse apoio de 100% do setor, talvez nem de 50%.. Pecuaristas Entre os pecuaristas, o descontentamento é maior. O presidente da ADCZ (Associação Brasileira dos Criados de Zebu), Luiz Carlos Paranhos, será o porta-voz do setor na reunião com Dilma. A entidade, uma das principais representantes dos criadores de gado, avalia que o governo deixou de fortalecer o Ministério da Agricultura, colocou em risco a segurança fundiária em zonas de conflito com reserva indígenas e quilombolas no Mato Grosso do Sul e no Sul da Bahia, respectivamente, além de não ter reconhecido a importância do agronegócio para o PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas do País) e na pauta de exportações. Dilma foi vaiada no evento anual da entidade realizado no início do mês em Uberaba. — Temos de reconhecer que o governo fez coisas boas, como o crédito para máquinas agrícolas e o financiamento para a lavoura, políticas que têm de ser mantidas. Mas existe ainda um certo preconceito com as empresas do agronegócio [no Planalto]. Falta o reconhecimento pelo governo da importância do setor e a garantia da segurança da propriedade privada, que é uma coisa básica para novos investimentos. Etanol Os usineiros de etanol são hoje os mais descontentes com Dilma. A principal entidade do setor, a Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), diz que 30% das empresas estão tendo de empenhar pelo menos 17% do faturamento para cobrir endividamentos e pode deixar de produzir cana-de-açúcar por causa da crise. Segundo o diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, 30 empresas de etanol estão em processo de recuperação judicial e há um risco coletivo de calote que já dificulta o acesso a financiamento privado. A Unica prepara um conjunto de propostas para apresentar aos pré-candidatos no 5º Top Etanol, no início de junho. Embora a presidente da entidade, Elizabeth Farina, já tenha entrado em rota de colisão com a presidente Dilma e o ministro Guido Mantega (Fazenda), Rodrigues evita atacar o governo. — O País precisa definir o que quer de participação do etanol na matriz energética. O setor vive uma rota de redução de importância. Precisamos conhecer como e o que será feito para corrigir essa rota. Milho e aves O descontentamento com o governo também é grande entre os produtores de milho. O presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Alysson Paolinelli, diz que o setor vive há mais de duas décadas uma política de "empurração" de problemas e que não "confia mais em um governo que não cumpre o que prometeu". Ele evita posicionamento direto sobre o nome da corrida eleitoral que mais agradaria o setor de milho. Aécio e Campos procuraram a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), presidida pelo ex-ministro da Agricultura do governo Fernando Henrique Cardoso, Francisco Turra, para pedir sugestões de pontos que não devem faltar nos seus planos de governo voltados para o agronegócio. A entidade é a principal representante dos criadores de aves e frangos. — Fui procurado diretamente pelo Eduardo Campos, com quem estive pessoalmente duas vezes, e a equipe do Aécio Neves nos procurou para pedir o estudo de competitividade que tínhamos apresentados à presidente Dilma. Entre os pontos apresentados por Turra aos pré-candidatos, constou um estudo no qual a associação afirma que decisões equivocadas do governo e a lentidão no processo, entre 2006 e 2013, levou o País a reduzir o potencial anual de exportações de produtos agrícolas em US$ 1,5 bilhão. Como isso, teria ocorrido o embargo de 100 mil empregos que deixaram de ser criados no período. — Percebo que há mais interesse dos candidatos agora do que na época em fui ministro, quando não havia tanta proximidade deles com o agronegócio. Turra ressalta que a associação não tem, no momento, compromisso com nenhum pré-candidato. O ex-ministro de FHC, contudo, é filiado ao PP do Rio Grande do Sul, que está fechado informalmente com Aécio.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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