Dilma: acho 'ridículo' dizer..
Depois de seguidos apagões que atingiram vários Estados recentemente, a presidente Dilma Rousseff descartou nesta quinta-feira (27) que haja uma crise de energia no país. A declaração foi feita em encontro de fim de ano com jornalistas, no Palácio do Planalto.
Segundo Dilma, as empresas de energia não investiram adequadamente na manutenção do sistema elétrico durante anos, mas, a partir de agora, o quesito será melhor fiscalizado.
De acordo com a presidente, o compromisso do governo é fazer com que as interrupções de energia sejam superadas. "Acho ridículo dizer que o Brasil corre risco de racionamento de energia", disse
Dilma criticou a tentativa de colocar a culpa em fenômenos naturais, como raios. Segundo ela, se houve interrupção, houve falha humana. “No dia que falarem que [houve interrupção de energia porque] caiu um raio, vocês gargalhem."
“Raio cai todo dia. Um raio não pode desligar o sistema. Se cai, é falha humana. Não é sério dizer que o sistema caiu por causa de um raio”, disse Dilma mostrando fotos de satélites mapeando a constante incidência de raios no território nacional nos últimos dias.
“Tem que ser resistente ao raio, isolar e recuperar. Tem que ter bloqueio, estar blindado”.
Dilma: falta de luz no aeroporto do Galeão foi falha humana
Na avaliação da presidente, a interrupção do fornecimento de energia no Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, no Rio de Janeiro, na noite desta quarta-feira (26), que provocou atrasos em 19 voos, foi falha humana.
“No Galeão, foram duas coisas: falha humana, porque deveriam ter trocado o ar condicionado que estava velho, e sobrecarga, por causa da temperatura alta”, avaliou. Dilma disse que é preciso se antecipar e adequar os equipamentos para possíveis riscos. “Planejar é isso.”
Dilma não fala sobre mensalão
A presidente Dilma Rousseff disse que não se manifestará sobre o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão, no qual dirigentes petistas foram condenados, entre eles, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
"Não me manifesto sobre decisões de outro Poder. Não estaria contribuindo para a governabilidade desse país", disse.
"Não posso esquentar considerações, tomar atitudes que possam, de alguma forma, interferir no funcionamento desses órgãos", acrescentou.
Dilma disse que, como presidenta da República, tem a prerrogativa de indicar ministros para preencher as cadeiras vagas no STF (Supremo Tribunal Federal), mas não tem ingerência sobre a atuação deles no tribunal. "Cada um vive sua vida" disse, acrescentando que mantém a devida distância.
Em relação às manifestações de integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) em apoio a uma possível candidatura de Lula à Presidência em 2014, Dilma disse que não anteciparia o fim de seu mandato discutindo as próximas eleições. "Pretendo governar daqui a 2014 com absoluto empenho, como se fosse sempre o primeiro dia."
'2013 será um ano muito bom'
Sobre a economia do país, Dilma declarou que "2013 será um ano muito bom, e que investir em infraestrutura tem que virar agora uma obsessão".
A presidente disse ainda que o governo quer a inflação e as contas públicas sob controle e que fará tudo que for possível para que haja deficit nominal decrescente.
Governo diz que vai bancar redução na conta de luz
No início do mês, Dilma Rousseff disse que o "Tesouro do governo nacional" vai "bancar" a redução da conta de luz mesmo sem o apoio de todas as empresas elétricas ao plano.
O principal obstáculo ao plano do governo federal para baixar a conta de luz veio das estatais estaduais Cesp, Cemig e Copel, de São Paulo, Minas Gerais e Paraná --Estados administrados pelo PSDB, principal partido da oposição ao governo federal.
As três optaram por não prorrogar os contratos de suas hidrelétricas nos moldes propostos pela União --com redução em torno de 70% da tarifa--, o que dificulta a meta de reduzir a conta de luz em 20% em média (considerando todas as empresas e os domicílios).
O que as concessões das elétricas têm a ver com a conta de luz mais barata?
Na véspera do feriado de 7 de setembro, a presidente Dilma Rousseff anunciou que a conta de luz ficaria mais barata para consumidores e empresas a partir de 2013. A medida era uma reivindicação antiga da indústria brasileira para tornar-se mais competitiva em meio à crise global.
Para conseguir baixar a conta de luz, o governo precisou "mudar as regras do jogo" com as companhias concessionárias de energia, e antecipou a renovação dos contratos que venceriam entre 2015 e 2017. Em troca de investimentos feitos que ainda não tiveram tempo de ser “compensados”, ofereceu uma indenização a elas.
Algumas empresas do setor elétrico ofereceram resistência ao acordo, alegando que perderiam muito dinheiro.
Desde o anúncio de Dilma, as ações de empresas ligadas ao setor passaram a operar em baixa na Bolsa de Valores, e algumas chegam a acumular queda de mais de 40% em dois meses. Com isso, o setor elétrico, que era historicamente atrativo por ter resultados e dividendos estáveis ou crescentes mesmo em crises econômicas, passou a ser alvo de desconfiança de investidores desde então no mercado acionário brasileiro.