Publicada em 26 de Julho de 2015 �s 09h46
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Afrolatinoamericana e Afrocaribenhas, comemorado neste sábado (25), a governadora em exercício, Margarete Coelho, e o Secretário de Estado da Cultura, Fábio Novo, participaram de atividades alusivas à data realizadas no Memorial Zumbi dos Palmares. Na ocasião, fora ofertadas oficinas de cabelo, música e fabricação de bonecas, palestras e discussões sobre as políticas públicas destinadas ao segmento. A comemoração dos oito anos do espaço também foi um dos destaques do encontro.
Segundo Margarete Coelho, o Brasil, mesmo tendo metade de sua população declaradamente negra ou parda, foi o último país da América Latina a reconhecer a necessidade desta parcela de seu povo. “A história das mulheres negras é repleta de muita dor, muito esquecimento, até desumanização. Por todas as irmãs negras, trabalhadoras, guerreiras, resistentes, devemos agir para aniquilar as diferenças que impõem barreiras a cada um dos seus sonhos. Acho justo que o tema seja discutido, que o assunto seja valorizado. É uma história culturalmente muito rica. Histórias como a Teresa Benguela, Dandara, Trindade e tantas outras mulheres negras merecem ser reveladas”, destaca.
O secretário Fabio Novo disse que é um compromisso da sua gestão olhar para os seguimentos historicamente discriminados. “É uma data muito simbólica, principalmente por receber a governadora Margarete Coelho, uma mulher, para comemorar a data”, disse.
Na oportunidade, os gestores revelaram que nos próximos dias será assinada a ordem de serviço para a reforma e adequação do Memorial Zumbi dos Palmares para que se torne referencia da cultura negra do Piauí.
A coordenadora estadual de política pública para as mulheres, Halda Regina, comemorou a noticia e disse que o Memorial é a resistência do povo negro. “O Memorial sempre funcionou, mas, de forma insipiente, com a reforma essas atividades ganham peso e visibilidade. Vamos dar inicio a um projeto que de seis meses que vai formar 25 mulheres negras como multiplicadoras, onde serão discutidos temas como cultura, religiosidade, política dentre outras. Também já existe um projeto para que a Biblioteca Julio Romão seja referência para o Brasil e o mundo. Temos uma contribuição histórica e um povo sem história é um povo sem vida”, disse.
Para a representante do movimento negro Yabas, Sônia Terra, esse é um momento de lembrar as conquistas e também de reflexão. “Precisamos quebrar essas desigualdades e construir políticas que consigam eliminar tanta faltas de oportunidades. Marcharemos até Brasília para levar as nossas demandas. Por isso, nessa data, estamos refletindo sobre o que querem as mulheres negras do Piauí, o que mais nos aflige. E seguimos nos organizando, tentando trabalhar a autoestima, e buscamos conquistar esse protagonismo. Queremos que deixem de ser invisível e se tornem protagonista de nossa história”, enfatiza.
A palestrante Viviana Santiago disse que a data é um momento para refletir sobre o que leva um grupo de mulheres negras se estruturar para ter o seu próprio dia. “Precisamos pensar por que essa data é necessária; pensar o posicionamento do Brasil e também lembrarmos da nossa grande heroína negra Tereza de Benguela e tantas outras mulheres que nos inspiram. Refletimos o porque de ainda carregamos péssimos indicadores em todas as áreas. Precisamos fazer ouvir a nossa voz e fortalecer a nossa historia, a nossa cultura”, explica.
A pedagoga Joselita Xavier participou da oficina de construção de bonecas negras e diz ter se sentido representada . “Como militante é uma oportunidade de me identificar, de gerar empoderamento , e passar para as crianças (enquanto mãe e professora) uma identificação” explica.
Sobre a data A Lei nº 12.987/2014, foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século XVIII. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.