POR BASÍLIA RODRIGUES
Como uma disputa de futebol, ganha quem estiver mais bem posicionado. E às vezes parece que a bola está nos pés dos mesmos jogadores, o que desafia o discurso da renovação na política. Há sete eleições, a composição do Congresso Nacional sempre muda praticamente pela metade. O restante de vagas fica por conta de figurinhas carimbadas que conseguem se reeleger.
Da última vez, 2014, os brasileiros elegeram o parlamento mais conservador desde a ditadura, com o maior número de representantes ligados a bancada militar, religiosa, e ruralista, por exemplo. E a expectativa, nestas eleições, é de que 90% dos atuais deputados federais tentem a reeleição, contra 75%, nas últimas eleições. A avaliação é do Diap, Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, um centro de estudos que existe há mais de três décadas dentro do próprio Congresso. O pesquisador Antônio Augusto de Queiroz explica que a tendência é vir "mais do mesmo".
"Pelo menos 90% dos atuais deputados vão disputar às eleições. E os 10% que vão desistir ou concorrer a outros cargos serão substituídos majoritariamente por parentes, seja esposa ou marido, filho, pai, mãe, etc. De modo que há tendência também de crescimento da bancada de parente", disse.
Com tanta investigação, muito político vai tentar se reeleger pra não perder o foro. Além disso, o tempo de campanha está bem menor, caiu de 90 para 45 dias - menos tempo de vitrine para os novatos na política. O cientista político Melilo Dinizavalia que o clima de desânimo do eleitor também desqualifica o voto.
"Há muita raiva da situação nacional, o que gera um modelo de participação nas eleições em que muitos votos têm como característica a irracionalidade. Qualquer tipo de oferta de luz ao fim do túnel pode ser simplesmente um trem vindo do outro lado em uma carreira desabalada