Richard Martinez durante discurso emocionado na Califórnia
Imagem: O GloboClique para ampliarRichard Martinez durante discurso emocionado na Califórnia Acostumado a manejar armas desde cedo, o americano Richard Martinez cresceu atirando em pássaros na fazenda de sua família. Adulto, serviu no Exército na Alemanha por sete anos antes de se tornar um advogado criminalista, que costumava defender casos de jovens ligados à violência. Pai de Kristopher Michaels-Martínez, de 20 anos, que comia um hambúrguer em Isla Vista, Santa Bárbara, quando levou um tiro de Elliot Rodger, Martinez agora é mais que um pai de luto: transformou-se na voz mais recente na luta pelo controle de armas nos EUA.
Apesar de seu histórico de transtornos emocionais, nenhuma lei impediu que Rodger, de 22 anos, pudesse comprar três armas e 400 balas. Outras cinco pessoas morreram no ataque. saiba mais Aumenta 14% o número de armas entregues na Campanha do Desarmamento Saiba o passo-a-passo da entrega voluntária de arma Robô vai desarmar bombas em casa de suspeito de matança na estreia de "Batman" Mulher inaugura campanha do desarmamento e entrega primeira arma à destruição Leia mais sobre Desarmamento
Na terça-feira, após um discurso emocionado e agressivo, em que culpou a Associação Nacional de Rifles — e os políticos “irresponsáveis e covardes” — pelo crime, Martinez pediu aos membros do Congresso para parar de oferecer apenas condolências.
— Eu não dou a mínima para o fato de vocês sentirem pena de mim. Receber um telefonema de um político não me impressiona. Comecem a trabalhar para fazer algo a respeito. E se o presidente me telefonar, vou dizer a mesma coisa — disse durante uma longa entrevista, enquanto as lágrimas rolavam. — Hoje, vou pedir a todas as pessoas que eu encontrar para enviarem um cartão aos políticos com três palavras: “Nem mais um”.
Afirmando que “somos todos culpados” pela morte do filho, Martinez exortou o público a se juntar a ele na exigência de uma ação imediata de membros do Congresso e do presidente Barack Obama para conter a violência armada, aprovando leis mais rigorosas.
— Não vou escrever um livro ou processar todo mundo. Tudo que eu quero é que as outras pessoas não tenham que passar pelo que eu estou passando.
O discurso surtiu efeito. No Twitter, a hashtag #Notonemore (nem mais um) recebeu adesão de artistas e ativistas. E também ganhou eco. Mark Barden, pai de uma das 26 vítimas do massacre de Sandy Hook, em dezembro de 2012, publicou uma carta aberta a Martinez.
“Nós não nos conhecemos, mas agora você é parte da nossa família. Não é uma família que escolhemos, mas que nasceu a partir da circunstância horrível de se perder um filho para a violência com armas de fogo que só está crescendo a cada dia. Publicamente queria dizer a você e àqueles que sentem a mesma tristeza, raiva e frustração, que não estão sozinhos. (...) Juntos, nós podemos e vamos construir um mundo mais seguro para nossos filhos”.
Barden passou mais de um ano fazendo lobby para aprovar leis de controle de armas que acredita que possam ser apoiadas por políticos sem violar a Segunda Emenda. Seu último esforço foi para ajudar a passar uma lei que reduza o tamanho dos cartuchos de munição vendidos no estado de Nova Jersey. O projeto de lei está agora na mesa do governador Chris Christie, aguardando a sua assinatura.