O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), que o senador cassado Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) demonstrou em conversas preocupação com amigos presos na Operação Lava Jato.
O depoimento, de abril de 2016, está em processo na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília. O sigilo foi retirado na semana passada, quando foi aberta ação penal que tornou Lula réu. O ex-presidente, Delcídio e outras cinco pessoas são acusados no processo de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
“[Lula afirmou] que Delcídio dizia estar preocupado com as pessoas que estavam presas por ser amigo delas, como o Cerveró e outras; que o declarante não era amigo dessas pessoas; que não tem recordações das conversas com Delcídio sobre a Operação Lava Jato; que não se recordava da resposta que deu a Delcídio nessas conversas; que deve ter dito que todo mundo contratou advogado e está ‘brigando’ [pela causa]", diz documento do MPF.
No depoimento, Lula também disse que passou a manter relação "mais densa" com o senador cassado quando Delcídio se tornou líder do governo no Senado, mas que os dois não eram próximos quando ele foi presidente da República.