Fontes da polícia confirmaram ao RJTV na quarta-feira (23) que Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, de 26 anos, levou um tiro antes de morrer. O corpo do dançarino do programa "Esquenta", de Regina Casé, na TV Globo, foi encontrado em uma creche do Morro Pavão-Pavãozinho, favela pacificada na Zona Sul do Rio. A morte do jovem causou revolta na comunidade e protestos pelas ruas de Copacabana na noite de terça-feira (22), com tiros, correria, quebra-quebra e ataque à base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). O produtor da TV Globo Tyndaro Menezes apurou com fontes da Polícia Civil que Douglas Rafael recebeu um tiro que entrou pelas costas, na região lombar, e saiu pelo ombro. Isso indicaria que o disparo foi feito de baixo para cima. DG foi atingido quando tentava pular de uma laje para outra. Ele então teria caído de uma altura de cerca de 10 metros. Depois da queda, o rapaz ainda tentou se levantar. Segundo essas fontes da polícia, é possível dizer isso porque havia marcas de sangue espalhadas pelo chão. O RJTV ouviu ao vivo o perito Levi Miranda, que afirmou que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) aponta que Douglas Rafael sofreu "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax", derivada de "ação pérfuro-contundente", o que indica a possibilidade de disparo. "Sem dúvida nenhuma, ele foi vítima de tiro", afirmou. Para Miranda, a perícia no local pode não ter encontrado a perfuração devido às condições no local. Comentarista de Segurança do RJTV, Rodrigo Pimentel afirmou que o dançarino pode ter sido vítima de bala perdida, já que estava em uma viela quando o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegou ao Pavão-Pavãozinho. No momento da morte de DG, na noite de segunda-feira (21), havia uma troca de tiros na comunidade. As armas dos policiais que participaram da ocorrência foram apreendidas no fim desta manhã e vão passar por perícia. Esquenta Douglas Rafael fazia parte do Bonde da Madrugada, do programa "Esquenta". Em nota, a apresentadora Regina Casé lamentou a morte e pediu que o crime seja esclarecido. "Eu estou arrasada e toda a família Esquenta está devastada com essa notícia terrível. Uma tristeza imensa me provoca a morte do DG, um garoto alegre, esforçado, com vontade imensa de crescer. O que dizer num momento desses? Lamentar claro essa violência toda que só produz tragédias assim. Que só leva insegurança às populações mais pobres do país. Agora, é impossível saber exatamente o que houve. Mas é preciso que a Polícia esclareça essa morte, ouvindo todos, buscando a verdade. A verdade, seja ela qual for, não porá fim à tristeza. Mas é o único consolo", disse. A assessoria de imprensa da Globo também se manifestou: "A família Esquenta! está profundamente abalada e triste com a notícia da morte. Perdemos um dos mais criativos dançarinos que já conhecemos em qualquer palco. Desde a primeira temporada do nosso programa, há quatro anos, DG só alegrava nossas gravações. Ele vai sempre ser lembrado em nossas vidas por estas duas palavras: alegria e criatividade". Tumulto, mais um morto e reforço O policiamento continuava reforçado na manhã da quarta-feira (23) nas proximidades do Morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, após um protesto violento na terça-feira, quando foi achado o corpo do dançarino do "Esquenta". A confusão se espalhou pelas ruas do bairro, com tiros, bombas, quebra-quebra e a morte de um homem, baleado na cabeça. Helicópteros sobrevoaram a região e um carro foi queimado na subida da comunidade. Houve interdições na Avenida Nossa Senhora de Copacabana e na Rua Raul Pompeia. O Metrô chegou a fechar acessos da Estação General Osório por segurança. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, o homem baleado na cabeça – Edilson da Silva dos Santos, de 27 anos – durante a manifestação de moradores do Pavão-Pavãozinho já chegou morto ao Hospital Miguel Couto.