O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reclamou nesta terça-feira (26) do que ele chamou de "celeridade" dos dois inquéritos para investigá-lo que tiveram a abertura autorizada nesta segunda-feira pelo Supremo Tribunal Federal. O peemedebista disse serem “impressionantes” tanto a “celeridade” quanto a “seletividade” nos processos que o envolvem.
O teor dos novos inquéritos não foi divulgado porque tramitam em segredo de Justiça. A autorização para abertura foi dada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo. Com a decisão, chegaram a cinco o número de procedimentos sobre o peemedebista em andamento na Corte, incluindo um pedido feito em dezembro para afastá-lo do mandato e do comando da Câmara, por supostas tentativas de atrapalhar as investigações.
“Eu soube [da abertura dos inquéritos] pelo procurador-geral [Rodrigo Janot] na sexta-feira passada. Não sei, nem conheço o conteúdo, é secreto. Aliás, é impressionante a celeridade como se trata comigo, a seletividade e celeridade quando se tratam comigo. Deveria ter o procurador-geral da República a mesma celeridade com os demais investigados que existem lá. Eu não vi nenhuma outra denúncia ser apresentada contra quem quer que seja”, afirmou Cunha ao deixar o plenário na noite desta terça.
Na Câmara, Cunha é alvo de adversários que o acusam de trabalhar para postegar o processo que o investiga no Conselho de Ética da Casa. O colegiado apura denúncia de que ele mentiu à CPI da Petrobras ao negar ter contas no exterior.
No STF, em março, por 10 votos a 0, a Corte acolheu denúncia contra o deputado, suspeito de ter recebido ao menos US$ 5 milhões em propina de um contrato da Petrobras. Além disso, Cunha também é investigado em outros dois inquéritos: um sobre contas na Suíça que teriam recebido propina atribuídas a ele; e outra sobre propina para obras do Porto Maravilha, no Rio.
A defesa de Cunha sempre negou o recebimento de vantagens indevidas e diz que as contas na Suíça são “trustes”, modalidade em os recursos são administrados por terceiros.
Na última sexta, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nos Estados Unidos que apresentará ao STF, “em breve”, mais duas denúncias contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A denúncia é a etapa posterior ao inquérito e apresenta indícios mais consistentes de ocorrência e autoria de crimes. No mesmo dia, por meio de nota, a assessoria de Eduardo Cunha afirmou que o procurador-geral da República "atua de forma seletiva e célere" contra o parlamentar.
Questionado nesta terça por jornalistas se temia ser o “próximo alvo” uma vez que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff já passou na Câmara e pelo fato de o PT decidir obstruir votações para pressionar pelo seu afastamento, Cunha fez diversos ataques ao partido.
Disse que o PT “age à semelhança de organizações criminosas” ao tentar “buscar companhia no banco dos réus” para tentar “disfarçar os próprios erros”.
“O PT tem que disfarçar os seus próprios erros e as suas acusações de atuação em corrupção na Petrobras, em todo o governo, tem que tentar disfarçar que o seu tesoureiro está preso, tem que disfarçar que o marqueteiro está preso, que o marqueteiro recebeu dinheiro por fora para a campanha. Enfim, o PT tem que disfarçar os seus malfeitos tentando buscar companhia nos bancos dos reús. O PT sempre age assim, age à semelhança de organizações criminosas”, afirmou.