O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) divulgou nesta terça-feira (11) o resultado da última fiscalização realizada na última quinta-feira (6) em duas unidades de saúde. No Hospital Municipal Pedro Vasconcelos, em Miguel Alves, profissionais de saúde estavam sem equipamento de proteção individual (EPI) adequado no setor destinado ao tratamento da Covid-19. Em União, os fiscais encontraram servidores incinerando lixo hospitalar na Unidade Básica de Saúde (UBS).
Segundo o CRM, o hospital de Miguel Alves tem problemas na estrutura física, falta de equipamentos, instalações elétricas precárias e os banheiros não contam com acessibilidade para cadeirantes. Na área externa, os fiscais encontraram galinhas e um esgoto a céu aberto.
Profissionais sem EPI
O médico fiscal Juarez Holanda, do CRM, contou ter encontrado na ala Covid-19 profissionais de saúde sem equipamentos de proteção individual (EPI) ou com equipamentos inadequados, como aventais de tecido. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o correto são aventais hidrorrepelentes ou impermeáveis, como TNT.
O hospital também não tem equipamentos importantes para salvar vidas de pacientes em situações de emergência, como um ventilador mecânico para pacientes graves. A fiscalização notou também a falta de medicamentos para atendimento de urgência, como bloqueadores musculares.
“Tanto na área Covid como na área comum não tem infraestrutura necessária atender intercorrências, não tem suporte de oxigênio adequado, uma situação precária no hospital local de Miguel Alves”, disse o médico Juarez Holanda.
Hospital precisa de reforma
Segundo o médico fiscal Juarez Holanda, o hospital precisa urgentemente de uma reforma. “Estrutura física precária, com mofo, infiltração, instalação elétrica exposta, algumas muito arriscadas, misturadas com infiltrações do teto”, disse.
O hospital tem diversos pontos em que os azulejos se soltaram das paredes. Para o CRM, essa situação favorece a sobrevivência de insetos e bactérias. Os fiscais encontraram ainda lagartixas e insetos. Na área externa havia esgoto a seu aberto, e galinhas ciscando.
Conforme a fiscalização, a lavanderia e o expurgo não possuem fluxo adequado, com risco de contaminação do vestuário. Segundo o CRM, as denúncias serão enviadas para o Ministério Público e para a prefeitura.
A direção do Hospital Pedro Vasconcelos informou ao G1 que o hospital vai passar por uma reforma, que deve iniciar na próxima semana. A direção informou ainda que o hospital possui os equipamentos de proteção individual necessários, e que os profissionais flagrados durante a fiscalização sem o EPI adequado são "casos particulares". A direção ficou de se posicionar sobre as demais denúncias.
Lixo hospitalar incinerado
Em União, os fiscais encontraram pela segunda vez lixo hospitalar de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) sendo recolhido e incinerado no mesmo terreno do posto. De acordo com o CRM, a situação encontrada é a mesma de maio de 2019.
“Mais de um ano se passou e o município de união ainda não providenciou o descarte adequado do lixo hospitalar. Continua incinerando o lixo hospitalar dentro de manilhas no quintal da própria unidade básica”, disse o médico fiscal Juarez Holanda.
A Secretaria Municipal de Saúde de União disse que não foi notificada pelo CRM sobre o descarte de lixo hospitalar, mas que está trabalhando num relatório sobre os resíduos sólidos das UBSs da cidade, para tomar as medidas cabíveis.
Nota da Secretaria Municipal de Saúde de União
A Secretaria Municipal de Saúde de União informa que não recebeu nenhuma notificação por parte do Conselho Regional de Medicina no Piauí (CRM-PI) em relação à coleta de resíduos sólidos nas Unidades Básicas de Saúde. Contudo, já está providenciando um relatório junto à Vigilância Sanitária sobre Resíduos Sólidos nas UBS para tomar as medidas cabíveis.