O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM) abriu uma sindicância para apurar o número elevado de óbitos no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), maior pronto-socorro do estado. Para o presidente Emmanuel Fontes, a morte de 193 pessoas em apenas um mês poderiam ser evitadas se houvesse estrutura. Os dados alarmantes foram apresentados pela Sociedade de Terapia Intensiva do Piauí (Sotapi) na semana passada em audiência na Câmara de Vereadores.
Emanuel Fortes explica que o HUT sempre apresentou problemas e avalia que a falta de leitos e número elevado de óbitos são apenas um reflexo da saúde em todo o estado.
"Neste momento pessoas humildes estão morrendo, porque se fossem pessoas importantes teriam resolvido a situação calamitosa e vergonhosa que encontra-se o HUT. Infelizmente não vejo uma solução definitiva para isso. O hospital não tem suporte para evitar essas mortes. É impossível ele comportar pacientes de todo lugar por falta de estrutura das unidades de saúde dos municípios. O problema não é o HUT, mas a saúde como um todo", declarou.
Segundo Emmanuel Fontes, os médicos do Hospital de Urgência de Teresina estão angustiados com o elevado número de mortes. Ele lamentou os dados divulgados pela Sociedade de Terapia Intensiva do Piauí e espera que o Ministério Público cobre providências.
"Os médicos se sentem horrorizados, porque sabem o que fazer com o paciente, mas não tem equipamentos para salvar sua vida. Uma pessoa morre por falta de material para entubá-la ou um monitor. Óbitos como esses poderiam ser evitados, se houvesse estrutura no hospital. O Conselho é um órgão fiscalizador, sem poder de gestão, o que podemos fazer são denúncias e dialogar com os responsáveis. Abrimos uma sindicância para apurar o caso", revelou o presidente.
O Ministério Público do Estado do Piauí, através da promotora de Justiça Janaína Aguiar disse que tem olhado com atenção especial para a problemática da superlotação no HUT e constatado que isso se deve ao fato de que não só o HUT, mas toda a rede de atendimento não é capaz de dar vazão à demanda existente, especialmente às urgências e emergências.
Segundo o MPE, a Procuradoria Geral de Justiça criou um Grupo de Trabalho Especializado que tem atuado, sobretudo, no fortalecimento dos hospitais regionais no interior, de modo que o atendimento possa se dar na região de domicílio dos pacientes, e não só na capital, sendo encaminhadas para o HUT apenas as urgências e emergências mais complexas.
Ainda conforme o Ministério Público, foram firmados vários termos de ajuste de conduta, tendo sido cumpridos muitos dos compromissos assumidos. Aqueles que não foram cumpridos, com a mudança de gestão estadual, vêm tendo os prazos para cumprimento negociados.