Congressistas aliados da presidente Dilma Rousseff, e da própria oposição, afirmaram nesta segunda-feira (10) que o desempenho do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na pesquisa Datafolha para a sucessão presidencial foi pequeno diante da intensa exposição do tucano em programas de rádio e TV do PSDB.
O senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, afirmou que a pequena melhora do tucano na pesquisa foi um "pibinho" --numa comparação ao baixo crescimento econômico do país.
Cenário econômico derruba popularidade de Dilma, mostra Datafolha; veja
"Com toda a exposição do Aécio, o crescimento dele foi um pibinho. Foi menor que o crescimento econômico", afirmou.
Colega de partido de Aécio, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que a oposição precisa "aproveitar mais" as dificuldades do governo para crescer nas pesquisas.
"Faltou fazer oposição, assumir o compromisso com a ruptura desse governo. Se tivesse uma postura de mais visível contestação, desconstruindo o modelo governista, a oposição cresceria mais", disse o tucano.
Pesquisa Datafolha revelada ontem pela Folha mostra que Aécio foi o único que cresceu em relação ao levantamento de março. Ele tem agora 14% das intenções de voto, quatro pontos a mais que na pesquisa anterior --e ficaria em segundo lugar na disputa, tecnicamente empatado com a ex-senadora Marina Silva, que obteve 16% dos votos.
Dilma teria 51% das intenções totais de voto e ganharia no primeiro turno, segundo a pesquisa. O governador Eduardo Campos (PSB-PE), aparece em quarto lugar no levantamento, com 6% dos votos.
A pequena subida de Aécio ocorreu após o tucano estrelar comerciais e programas do PSDB no rádio e na TV, falando como candidato. O partido optou por deixá-lo protagonizar as peças publicitárias já de olho em sua candidatura como adversário de Dilma em 2014.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), defensor da candidatura de Campos, disse que Campos, o possível candidato do PSB à Presidência, vai melhorar seu desempenho à medida que se tornar mais conhecido no país.
Rollemberg considera que será "inevitável" um segundo turno com Dilma na disputa presidencial, mesmo que o pessebista não esteja na corrida pelo Palácio do Planalto.
ECONOMIA
Tanto os governistas, quanto a oposição, atribuem a queda de 8 pontos na popularidade de Dilma registrada pelo Datafolha ao cenário econômico.
Viana disse que a queda de popularidade de Dilma em 8 ponto percentuais é "normal" e reflexo da crise econômica que atinge todo o mundo. "Essas oscilações são normais. Quando se adota medidas para controlar a inflação, você afeta o crescimento econômico."
Líder do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) disse que a pesquisa retrata o "momento", mas mostra que a economia vai ter impacto na campanha de Dilma à reeleição.
"Não é só a inflação. Há outros fatores que se congregam para criar um quadro de dificuldades para os brasileiros e também para o governo. São as notícias recorrentes sobre o estado de petição de miséria da nossa infraestrutura; sobre os casos emblemáticos da Transnordestina, do canal de transposição das águas do Rio São Francisco; sobre os atrasos das obras do PAC", afirmou.
Presidente do DEM, o senador José Agripino Maia (RN) disse que a pesquisa mostra o "começo de uma má fase que já estava anunciada" para o governo federal.
"O problema é a inflação em patamares maiores, mas com o governo usando os mesmos remédios para tentar mantê-la em níveis inferiores", afirmou.
Rollemberg disse que a pesquisa também reflete um mal momento da economia. "Ninguém deve torcer para a economia ir mal, isso é ruim para todo mundo", afirmou.