Os senadores instalaram, há pouco, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, restrita apenas ao Senado. Ainda há a espera para que até a próxima semana passe a funcionar uma CPI mista ou que o Supremo Tribunal Federal (STF) acate recurso apresentado pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e autorize investigações de abrangência mais ampla por parte da comissão – passando por vários temas. Porém, de concreto, mesmo, o que se tem é a formalização do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) na presidência da CPI e do senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), na vice-presidência. O relator é José Pimentel (PT-CE), líder do governo no Congresso.
Ficou acertado que a primeira reunião, de fato, para agendamento das audiências e início prático dos trabalhos, será realizada a partir das 15h30 desta quarta-feira (14). Não sem, antes, ter havido troca de acusações entre base aliada e oposição nos corredores das comissões técnicas do Senado e recusa, por parte de alguns parlamentares, de integrar a CPI. saiba mais CPI da Petrobras no Senado terá primeira reunião hoje Renan indica 3 senadores da oposição para CPI Graça espera concluir auditoria de Pasadena até junho Governo e oposição começam a definir estratégia para CPI Congresso instala CPIs para investigar Petrobras e licitações do metrô Leia mais sobre CPI da Petrobras
Na sala de instalação dos trabalhos, o único parlamentar da oposição que compareceu foi o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que disse ter sido enviado até lá a pedido do líder do partido, senador Aloysio Nunes (SP). “Somos contra essa comissão porque queremos a CPI mista, mas vim para que o PSDB não fique ausente de tudo e, inclusive, para tomarmos conhecimento dos trabalhos. Queremos saber como o governo vai agir”, afirmou, num tom de crítica em relação à base aliada. Além de Miranda, Renan Calheiros indicou, também, Wilder Moraes (DEM-GO) e Lucia Vânia (PSDB-GO), mas estes dois últimos não aceitaram integrar a comissão.
Descaso
“Não estamos nos opondo aos trabalhos, mas acho que temos de participar das investigações para valer e, por isso, continuar a exigir um direito que é do Congresso, de fazermos as investigações na forma de uma CPI mista (com representantes da Câmara e do Senado). Já perdemos 45 dias com essa discussão toda desde que começou a se falar em CPI para a Petrobras. Se não fizermos nada até 12 de junho, que é quando começa a Copa do Mundo, em seguida vem o recesso e o período eleitoral. Não haverá investigação. Isso é um descaso com o que deseja o povo brasileiro e com o país”, reclamou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Numa forma de reduzir um pouco a tensão em torno do tema, que resultou em mais uma manhã de discussões acaloradas, o senador Inácio Arruda (PC do B- CE) destacou a importância de os parlamentares procurarem conversar e ponderar sobre o funcionamento de tantas CPIs atuando em caráter paralelo. Uma vez que também é feita a coleta de assinaturas para uma comissão com o objetivo de investigar irregularidades nos contratos dos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal.
“Se já está decidido, vamos dar andamento a estas CPIs e tocar os trabalhos, sem continuar com essa discussão. É importante ponderarmos sobre a necessidade de o Congresso dar atenção a matérias que precisam ser apreciadas em tempo hábil”, acentuou Arruda. O senador chamou a atenção, ainda, para a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que vai nortear todo o orçamento para 2015. “É fundamental que Câmara e Senado prossigam com o trabalho parlamentar e tentem fazer com que o debate sobre essas CPIs não atrapalhe a tramitação de projetos essenciais para o país”, destacou.
O senador Vital do Rêgo, agora presidente da CPI, disse que, na reunião desta tarde, serão apreciados vários requerimentos e submetida aos integrantes da comissão uma planilha de trabalho elaborada pelo relator. “Trata-se de uma minuta bastante minuciosa e feita de forma que tenhamos 180 dias de trabalho promissor, investigativo e coerente com as provas”, salientou.