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Corpo de cineasta Eduardo Cout

Corpo de cineasta Eduardo Coutinho será enterrado nesta segunda no Rio.

Publicada em 03 de Fevereiro de 2014 �s 08h15


 O corpo do cineasta Eduardo Coutinho, assassinado a facadas na manhã de domingo (2) em sua casa, na Lagoa, Zona Sul do Rio, será velado e enterrado nesta segunda-feira (3). O velório está previsto para começar às 10h, na Capela 3 do Cemitério São João Batista, em Botafogo. O enterro foi marcado para as 16h, no mesmo cemitério.
O delegado Rivaldo Barbosa, diretor da Divisão de Homicídios, que investiga o caso, disse que o filho do cineasta, Daniel Coutinho, de 42 anos, foi preso em flagrante pela morte do pai. Logo após o crime, o homem bateu na porta de um vizinho, "não concatenando as ideias" nem "falando palavras corretas", em um aparente surto de esquizofrenia.

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A mãe de Daniel Coutinho, Maria das Dores Coutinho, de 62 anos, também foi esfaqueada e está internada em estado grave. Segundo o delegado, ela se salvou porque conseguiu se trancar em um banheiro após ser golpeada. De lá, ligou para o outro filho do casal, Pedro Coutinho.

"A gente espera que a mãe se recupere para poder esclarecer [o que houve]", disse Barbosa.
O delegado contou que Daniel primeiro golpeou o pai, até matá-lo. Em seguida, atacou a mãe. Ele, então, aplicou dois golpes de faca na própria barriga, foi até a porta do vizinho e pediu para o homem avisar o porteiro sobre o ocorrido. Daniel voltou para o apartamento e ficou lá até a chegada dos bombeiros.
"Ele abriu para os bombeiros voluntariamente. O porteiro bateu, ele abriu", explicou Barbosa, acrescentando que uma vizinha disse ter ouvido gritos.
'Libertei meu pai', disse para vizinho
"Ele [Daniel] dizia: 'Eu libertei o meu pai, tentei libertar a minha mãe e a mim, mas não consegui'. Ele tentou matar os pais e depois tentou suicídio", afirmou o delegado. "Ao que parece, não houve briga. Vamos concluir a perícia em 24 horas para saber a dinâmica [ocorrida] dentro do apartamento."
Barbosa disse não ter dúvidas de que Daniel seja o autor da morte do pai e da tentativa de homicídio da mãe. Além disso, segundo o delegado, o imóvel da família estava revirado.
Daniel Coutinho está internado no Hospital Miguel Couto, sob custódia. O autor do crime passou por cirurgia e está internado na unidade intermediária do hospital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Ele sofreu duas facadas no abdômen e tem quadro estável.

A mãe dele levou dois golpes de faca nos seios, três no abdômen e teve ainda uma lesão no fígado. Ela também já passou por cirurgia e seu estado de saúde é grave, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. O corpo do cineasta foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), de onde foi liberado por volta das 21h30. O atestado de óbito indica "perfuração contundente" na altura do abdômem, segundo funcionário da Santa Casa da Misericórdia.
Ainda segundo o delegado, quatro pessoas ouvidas pela polícia relataram a dinâmica fora da casa e não há qualquer indício de que houvesse uma pessoa estranha no local do crime.
O Corpo de Bombeiros informou que a chamada para a ocorrência no apartamento de Coutinho foi feita às 11h48. Homens do quartel do Humaitá constataram que o cineasta já estava morto ao chegar no local, e levaram os outros dois feridos para o Miguel Couto.


Fachada do prédio do cineasta.


Repercussão
Um dos primeiros a se manifestar sobre a morte do diretor foi o também cineasta Cacá Diegues. “Ele era muito respeitado, era um mestre, os jovens cineastas do Brasil respeitavam muito ele. Coutinho era uma pessoa acima do bem e do mal”, declarou.
O também diretor de cinema Jorge Furtado ficou chocado com a notícia. "A morte do Coutinho é uma tragédia do cinema brasileiro, ele é um dos maiores documentaristas do mundo, um grande pensador do cinema."

Carreira
Considerado um dos maiores documentaristas do Brasil, o paulistano Coutinho é ganhador do Kikito de Cristal, principal premiação do cinema nacional, pelo conjunto da obra. Entre seus principais filmes estão "Edifício Master", "Jogo de cena", "Babilônia 2000" e "Cabra Marcado para Morrer".
Em junho do ano passado, ele e o também cineasta José Padilha (autor dos filmes "Tropa de Elite 1 e 2") foram convidados a integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação do Oscar.
Em toda a carreira, Coutinho dirigiu, entre longas e curtas, 20 filmes, segundo informações do site IMDB. São eles:
As Canções, de 2011
Um Dia na Vida, 2010
Moscou, 2009
Jogo de Cena, 2007
O Fim e o Princípio, 2006
Peões, 2004
Edifício Master, 2002
Porrada, 2000
Babilônia 2000, 1999
Santo Forte, 1999
Boca de Lixo, 1993
O Fio da Memória, 1991
Santa Marta, 1987
Cabra Marcado Para Morrer, 1985
Exu, Uma Tragédia Sertaneja 1979
Teodorico, o Imperador do Sertão, 1978
Seis Dias de Ouricuri, 1976
Faustão, 1971
O Homem Que Comprou o Mundo, 1968
O ABC do Amor, 1967
Entrevista exclusiva
Ao G1, em 2013, o cineasta contou não ser uma pessoa tímida e disse ser fácil se apresentar para grandes plateias, como ocorreu no Festa Literária Internacional de Paraty de 2013. Ele também deu detalhes de seus filmes e de como conseguia tirar o máximo de cada entrevistado.

Coutinho explicou que seus temas principais sempre foram os mais simples do dia a dia. "O que é viver? Para quê estudar? Para quê dinheiro?", afirmou, dizendo que as perguntas mais básicas sempre são as mais interessantes.
Na entrevista, o diretor também deu uma sugestão do que poderia ser um bom documentário atual. Segundo Coutinho, as manifestações de rua vistas em junho de 2013 no país também valeriam um filme, desde que ele se propusesse a discutir o assunto. "Bom é o filme que faz perguntas, o que tem respostas, você joga no lixo", comentou.
Tags: Corpo de cineasta - O corpo do cineasta

Fonte: g1 �|� Publicado por: Da Redação
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