O Corinthians mais vitorioso de sua história, campeão do mundo e da América, inicia as oitavas de final da Libertadores contra um Boca Juniors em baixa. O jogo, que será disputado na Bombonera, reedita a final de 2012. Mas daquele 4 de julho para cá as equipes trilharam um caminho inverso. O Corinthians alcançou a glória no Japão, manteve a base campeã, reforçou-se e é apontado, até mesmo na Argentina, como favorito. O Boca Juniors se vê num tortuoso labirinto. Mudou o time, recontratou o técnico Carlos Bianchi e apostou (mais uma vez) em Riquelme, que ficou seis meses sem jogar pensando se encerrava ou não a carreira. Mas igualou uma série negativa de 1957 (dez jogos sem vitória pelo Campeonato Argentino), depois de ter se classificado às oitavas como segundo colocado do Grupo 1. Mesmo assim, o craque do time fala grosso. "Nós temos seis Libertadores e eles uma só. Para amanhã (quarta) o favorito é o Boca porque joga em casa", disse Riquelme, 34 anos, que é dúvida para o jogo. Ressuscitar essa áurea supercampeã e relembrar que Carlos Bianchi sempre trucidou equipes brasileiras na Libertadores são as armas dos argentinos. O Corinthians, por sua vez, evita falar em superioridade. Jogadores e Tite fizeram questão de lembrar o passado do Boca, o peso da camisa, e o fato de a Bombonera se transformar num caldeirão. "Cada jogo tem sua história", disse Emerson, autor dos dois gols naquela final no Pacaembu. Tite vai repetir a equipe que goleou a Ponte Preta por 4 a 0 domingo e avançou às semifinais do Paulistão. O técnico conseguiu, em parte, suprir a ausência de Renato Augusto dando uma nova função a Romarinho. Se o time perdeu "pegada" no meio-campo e um bom cobrador de faltas, ganhou em velocidade. É por esse motivo que o técnico se dá ao luxo de manter um atacante como Alexandre Pato no banco de reservas. O treino tático comandado por Tite nesta terça no CT do Boca reforçou a aposta no trio Romarinho, Emerson e Guerrero. A novidade foi a participação do goleiro Cássio, que retorna à equipe após quase um mês afastado por causa de uma contusão no punho esquerdo. Danilo, um dos pilares do meio-campo, disse que o Corinthians tem de jogar de igual para igual e buscar um gol no campo do adversário. "Esse gol fora de casa pesa." O gol salvador de Romarinho em 2012, o de empate por 1 a 1, foi prova disso. Fez com que o segundo jogo, disputado no Pacaembu, fosse bem mais tranquilo para o Corinthians.