O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, responsável por analisar processos de quebra de decoro parlamentar, deveria definir nesta quarta-feira (20) seu novo presidente. A decisão, no entanto, foi adiada para a próxima semana.
A indicação de qual partido vai assumir a liderança do Conselho de Ética fica a cargo do presidente da Câmara, o deputado Henrique Alves (PMDB-RN), que não comenta o assunto.
O atual presidente, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), deixará o cargo. "Eu fui o presidente que ficou por mais tempo: quatro anos. Nem poderia ter uma outra reeleição", diz. O atual presidente diz não saber qual é o novo partido, mas tem um palpite: "Não sei de nada, mas ouvi dizer que pode ficar com o PT". A assessoria petista afirma não ter informações oficiais sobre a indicação.
Na composição do conselho, as principais mudanças estão nas duas vagas que o PSD passa a ter direito oficialmente – PT e DEM perderam uma vaga cada.
Com a perda da vaga para o PSD, o PT continua a ser o partido com direito a maior número de vagas dentro do conselho, com três, mesmo número do PMDB. Além do PSD, o PMDB, PP e PR terão duas vagas no conselho. PSB, DEM (que perdeu um lugar), PDT, PTB, PSC, PC do B e o bloco PV-PPS terão uma vaga. Ao todo são 21 cadeiras no Conselho.
De acordo com José Carlos Araújo (PSD-BA), que era do PDT, o partido não fará negociações para manter a atual representação no conselho. "Devemos ficar com dois parlamentares no conselho", afirma. O PSD acabou indicando o próprio Araújo e Sérgio Britto (PSD-BA), que também já fazia parte do conselho.
De acordo com o Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, os deputados que estiverem passando por processo disciplinar, tenham recebido algum tipo de punição do conselho, sejam suplentes substituindo titulares ou foram condenados em processo judicial não podem participar de sua composição.
Depois de escolhido, um membro do conselho só poderá ser afastado se renunciar, sofrer processo disciplinar ou em caso de morte. Ao contrário do que acontece nas comissões, o partido ou Mesa Diretora da Câmara não podem trocar um membro do Conselho de Ética.
Nomes confirmados
De oficial, há noves nomes na nova formação do conselho. De acordo com a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, Mauro Lopes (PMDB-MG), Ronaldo Benedet (PMDB-SC), Wladimir Costa (PMDB-PA), Sérgio Britto (PSD-BA), José Carlos Araújo (PSD-BA), Luiz Argôlo (PP-BA), Lúcio Vale (PR-PA), Paulo Feijó (PR-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), Zequinha Marinho (PSC-PA), Marcos Rogério (PDT-RO) e Sérgio Moraes (PTB-RS) foram indicados pelos seus partidos.
"Estou me lixando", diz deputado em plenário
Moraes tem um histórico polêmico no conselho. Em 2009, ele foi o relator do processo contra o ex-deputado Edmar Moreira (DEM-MG), acusado de usar a verba indenizatória de deputado para pagar empregado. Depois da instauração do processo, descobriu-se que Moreira tinha um castelo de R$ 25 milhões não declarado na Justiça Eleitoral. Na época, Moraes recebeu críticas pela forma que estava conduzindo o processo e respondeu que "se lixava" para a opinião pública.
Neste ano, o Conselho de Ética deve avaliar o caso dos deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Devanir Ribeiro (PT-SP). E caso o STF não casse os parlamentares condenados no julgamento do mensalão, os pedidos de cassação de José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) devem passar pelo Conselho de Ética.