O fotógrafo piauiense João Maia tem deficiência visual e participou do quadro The Wall, do Domingão com Huck no último domingo (28). O objetivo dele era arrecadar fundos para seu projeto social para ensinar outras pessoas com deficiência a fotografar, o Fotografia Cega . Ele foi acompanhado do assistente Marcelo Magoshi, e da irmã e sobrinho. Veja algumas fotos feitas por João abaixo.
"Nos inscrevemos no The Wall porque temos como objetivo montar um projeto de exposição itinerante que possa visitar todos os estados do Brasil, trazendo além das minhas imagens das Paraolimpíadas, palestras e oficinas de fotografias. A arte é direito de todos, nossa intenção de participar é democratizar a fotografia", explica João.
Natural de Bom Jesus, a 600 km de Teresina, João tem 49 anos e ficou cego aos 28 por causa de uma uveíte bilateral. O seu diagnóstico é de perda total da visão de um olho e no outro enxerga apenas vultos a mais ou menos 15 cm de distância.
Além de João, seus pais têm mais 9 filhos, dois deles com deficiências (paralisia cerebral e esquizofrenia). Em 1996, ele se mudou para São Paulo e passou em um concurso para os Correios, onde começou a trabalhar como carteiro. Nessa mesma época começou a perceber a visão turva. Um ano depois veio o diagnóstico.
"No processo de reabilitação e adaptação da nova vida cego, me incentivaram muito a praticar esportes e eu acabei virando um atleta amador. Naquele mesmo ano do resultado de cegueira, minha irmã grávida e eu fiz um ensaio fotográfico da gestante. A partir dali eu vi que era isso que eu queria da minha vida, minha duas paixões: a fotografia e o esporte", destaca o fotógrafo.
Maia foi se aperfeiçoando cada vez mais e, quando chegou as Paraolimpíadas de 2016, ele trabalhou como fotografo. Depois, montou o projeto Fotografia Cega, de capacitação para pessoas com deficiência visual.
O seu objetivo no The Wall era arrecadar R$ 125 mil para tirar o projeto do papel. Infelizmente, após completar todos os desafios, a dupla saio do Domingão com a quantia de R$ 15 mil.
Fotografia Cega
O quadro The Wall de domingo (28) contou com o recurso de audiodescrição das perguntas e desafios da parede. Esse auxilio, tão importante para João Maia, também é exercido pelo seu assistente Marcelo Magushi, que também é fotografo e faz parceria com João no projeto Fotografia Cega.
"O Marcelo me dá os detalhes, as cores, as texturas, as expressões. Ele consegue capturar algo que a minha visão hoje não captura. Quando eu vou trabalhar, ele me descreve o ambiente e aí eu utilizo as minhas percepções. O Magushi tem esse trabalho de me guiar e a gente trabalha junto nas edições das fotos, na hora de escolher a imagem. Eu costumo dizer que transformo sons em imagens", afirma João.