Publicada em 08 de Agosto de 2012 �s 13h07
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reconheceu, nesta quarta-feira (8), através de nota, que realmente existem dificuldades nas operações de distribuição de milho a preço subsidiado pelo governo, mas explica que a deficiência no abastecimento se deve a fatores externos.
No Piauí, os armazéns limitaram a venda do milho destinado aos criadores da região da seca durante todo o mês de agosto. O máximo liberado foi de 2 mil quilos para cada interessado, para que fosse possível atender a um maior número de pessoas. O problema foi a greve dos motoristas de caminhão que transportam milho do estado do Mato Grosso para o Nordeste.
Entre os problemas estão o crescimento pela demanda por frete, o aumento na produtividade no plantio de soja e milho, a redução do número de caminhões disponíveis, a elevação do preço do frete em 36%, além das novas exigências legais para setor de transporte rodoviário.
A nota diz que os caminhoneiros têm procurado executar maior número de fretes de curta distância, em detrimento dos contratos de longa distância, considerando sua maior rentabilidade e boa parte da circulação ocorrer em estradas vicinais, longe da fiscalização rodoviária.
No caso do milho para a região da seca, incluindo o Piauí, a Conab admite que a situação foi agravada pela adesão de um grande número de motoristas às paralisações comandadas pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro. Leia a nota da Conab.
Nota sobre remoção de milho
A Conab esclarece que as operações de remoção de milho para as regiões Sul, Norte e Nordeste do país, regulamentada por Portarias Interministeriais, com a concessão de subvenção econômica aos criadores de pequeno porte (operacionalizadas pelos Avisos Conab número 124, 129, 202 e 233), representando cerca de 400 mil toneladas de produtos, estão com suas cadências de embarque reduzidas, em decorrência da dificuldade enfrentada pelas transportadoras contratadas para cumprir o fluxo estabelecido.
A situação deve-se a diversos fatores externos que têm gerado uma severa deficiência de transporte no país, incluindo o crescimento da demanda por frete, o aumento da produtividade no plantio de soja e milho, a redução do número de caminhões disponíveis, a elevação do preço de frete (que chegou a atingir uma média de 36%), além das novas exigências legais para setor de transporte rodoviário. Tudo isso tem majorado o prazo de execução das viagens para o escoamento da produção.
Os caminhoneiros, diante das novas exigências, têm procurado executar maior número de fretes de curta distância, em detrimento dos de longo percurso, considerando sua maior rentabilidade e boa parte da circulação ocorrer em estradas vicinais, não suficientemente atendidas pela fiscalização.
A situação de remoção de milho do Programa Vendas em Balcão para as regiões de seca foi agravada pela adesão de um grande número desses profissionais às paralisações coordenadas pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro.
A análise técnica realizada pela Conab demonstra que o problema se originou com a supersafra de milho aliada à baixa oferta de transporte rodoviário. A nova legislação aumentará o tempo gasto nas remoções dos estoques, além de onerar o contratante do frete, em cerca 20% inicialmente, podendo alcançar valores próximos aos 50% para o transporte de grãos.
A safra gigantesca de Mato Grosso, que seria uma “safrinha” e se transformou numa grande safra, já seria suficiente para nos impor problemas na remoção dos grãos. Agora, com a nova regra da ANTT e a greve estabelecida no setor, a situação se agravou muito: não se encontra caminhão na praça que aceite fazer transporte para a Conab, especialmente para o Nordeste, de onde retornam vazios. Além disso, os agricultores da região produtora, que estão capitalizados, cobrem os nossos valores de frete.
Na semana passada, depois de várias tentativas, apesar das dificuldades, a Conab conseguiu entregar 100 mil toneladas de produtos, mas a situação ainda é delicada. Muitos caminhoneiros já não queriam carregar antes da greve e, agora, a piora foi drástica.
A Conab tem se envolvido no processo, procurando buscar soluções e dividir responsabilidades com o governo e com o Ministério dos Transportes.
Além do fim da greve, já surgem algumas medidas paleativas, com a possibilidade de atuação de estados como a Bahia, Alagoas e Ceará, que propuseram um fluxo inverso, uma vez que os caminhoneiros alegam que a volta do Nordeste normalmente é sem carga, o que gera prejúizos.
A ideia é que os estados consigam caminhões-frota na região, que receberiam uma compensação, caso tivessem que retornar vazios ao Nordeste. Além disso, trechos longos deverão gerar rotas intermediárias, entre outras medidas.
A Conab enfatiza que a situação enfrentada se deve a fatores alheios à vontade da empresa e assegura que todos os esforços estão sendo realizados em busca de soluções rápidas e efetivas.