Mulher palestina caminha perto dos destroços de prédio destruído por ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza
Imagem: ReutersMulher palestina caminha perto dos destroços de prédio destruído por ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza
Companhias aéreas americanas, europeias, do Canadá e da Suíça suspenderam nesta terça-feira voos para o Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, diante do acirramento do conflito entre Israel e o Hamas. A agência europeia recomenda "fortemente" que seus passageiros evitem Israel. A operação israelense "Limite Protetor" entrou em sua terceira semana nesta terça-feira, e a incursão terrestre na Faixa de Gaza chega ao seu quinto dia, com um saldo de 616 palestinos mortos, contra a morte de 27 soldados e dois civis israelenses. Israel rejeitou formalmente um pedido de cessar-fogo humanitário em Gaza, enquanto um foguete palestino atingiu pela primeira vez o centro do território israelense.
O cancelamento dos voos com origem e destino para Israel vem após a queda de um foguete em Yehud, perto do aeroporto Ben-Gurion. Esta é a primeira vez que um foguete de Gaza atinge um edifício no centro de Israel, o que provocou ferimentos leves em um civil e duas pessoas ficaram em estado de choque. Um voo da Delta Airlines de Nova York para Israel pousou em Paris após a decisão da Administração de Aviação Federal (FAA, na sigla em inglês) dos EUA de proibir as companhias aéreas americanas de voarem para Tel Aviv. saiba mais Bombardeios de Israel em Gaza já mataram 121 crianças, diz Unicef Israel bombardeia sede da Al Jazeera e da agência de notícias AP em Gaza Judeus alemães denunciam explosão de ódio em protestos pró-palestinos Kerry promete ajuda humanitária de US$ 47 mi para civis da faixa de Gaza Ofensiva em Gaza já fez 100 mil buscarem ajuda da ONU Leia mais sobre Israel e Palestina
A KLM e a Air Canada anunciaram o cancelamento dos voos desta terça-feira, enquanto a Air France suspendeu as viagens indefinidamente, de acordo com a agência Reuters. Já a Lufthansa Airlines — que inclui Germanwings, Austrian Airlines e Swiss Air — interrompeu o serviço por até 36 horas. Um avião da Turkish Airlines que já estava voando em direção a Tel Aviv teve que mudar de rota. A Lufthansa também suspendeu seus voos para Israel.
O Ministério dos Transportes de Israel pediu às companhias aéreas para reverteram sua decisão alegando que o aeroporto era "seguro para pousos e decolagens".
"O Aeroporto Ben-Gurion é seguro e totalmente protegido e não há nenhuma razão para as empresas americanas interromperem seus voos e darem um prêmio ao terror", disse em um comunicado, segundo o jornal israelense "Haaretz". Ainda de acordo com essa publicação, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu que o secretário de Estado americano John Kerry interviesse para que a agência de aviação dos EUA derrubasse o veto aos voos para Israel.
NETANYAHU COMPARA HAMAS À AL-QAEDA
Os esforços internacionais para colocar fim às hostilidades foram retomados nesta terça-feira, com a chegada a Tel Aviv do secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon. Durante entrevista coletiva com Ban Ki-moon, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que "o povo de Gaza é vítima do brutal regime do Hamas", comparando o grupo militante palestino a al-Qaeda, Boko Haram e Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis), que agora se intitula apenas Estado Islâmico. Netanyahu disse ainda que vai fazer o que for preciso para defender o povo israelense.
— Israel está fazendo o que qualquer país faria se centenas de foguetes chovessem sobre eles. O Hamas tem cavado túneis terroristas para penetrar em nosso território. Nenhum país poderia ficar de braços cruzados — afirmou o premier, para depois criticar a rejeição do Hamas à proposta de cessar-fogo. — Aceitamos o cessar-fogo, a trégua humanitária, mas o Hamas rejeitou. A comunidade internacional deve fazer o Hamas prestar contas pelos ataques com foguetes e uso de escudos humanos.
O secretário-geral da ONU, por sua vez, defendeu o direito de defesa de Israel, mas condenou a morte de civis e ataques a hospitais em Gaza.
— Eu entendo as preocupações de segurança de Israel. Você precisa proteger seu povo de foguetes e condeno veementemente o lançamento de foguetes. Mas sua resposta militar está causando muitas vítimas civis. Espero que possamos ser capazes de ver o fim desta violência o mais rapidamente possível — disse Ban Ki-moon.
EUA OFERECEM US$ 47 MILHÕES A GAZA
O secretário de Estado americano, John Kerry, prometeu uma ajuda de US$ 47 milhões para reconstruir a Faixa de Gaza caso um acordo de cessar-fogo seja alcançado. Pressionando o Hamas, Kerry afirmou que o grupo palestino islâmico "tem uma escolha fundamental a fazer que terá um impacto sobre o povo de Gaza".
— Estamos unindo nossos aliados internacionais em um pedido para o fim imediato dos combates e o retorno do acordo de cessar-fogo que foi alcançado em 2012 — afirmou o secretário de Estado americano, após conversas com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, e o ministro das Relações Exteriores Sameh Shoukry, no palácio presidencial no Cairo.
O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que a resposta israelense aos disparos de foguetes do Hamas deveria ser proporcional e considerou que o número de mortos palestinos, mais de 620, é inaceitável.
- Não pode ser aceitável que um país seja ameaçado por foguetes. Por outro lado, a resposta deve ser proporcional. Seiscentos mortos é evidentemente algo que não podemos aceitar - declarou Fabius
Apesar da pressão da comunidade internacional, o coordenador do governo israelense nos territórios ocupados, Yoav Mordechai, disse nesta terça-feira ao enviado da ONU Robert Serry que Israel rechaçou uma nova proposta de trégua humanitária em Gaza, segundo informações do jornal israelense "Haaretz". A decisão segue o movimento do Hamas, que rejeitou no início da semana passada uma proposta de cessar-fogo mediada pelo Egito.
De acordo com o "Haaretz", o tema de discussão desta terça-feira será outro cessar-fogo humanitário, na esperança de que ambos os lados concordem, para depois avançar em direção a uma trégua duradoura. O clima das negociações, no entanto, é de pessimismo.
A guerra em curso é o terceiro surto de violência entre o Hamas e Israel desde 2009, e o último cessar-fogo foi negociado em novembro de 2012. Não está claro o que Israel e o Hamas pediriam em troca para acertarem uma trégua agora, ou mesmo se um acordo de cessar-fogo poderia ser alcançado esta semana.
SARGENTO ISRAELENSE ESTAVA MORTO
O sargento israelense Oron Shaul, de 21 anos, cujo rapto foi reivindicado pelo Hamas em Gaza, estava morto, anunciou Israel nesta terça-feira.
Poucas horas antes, o Exército indicou que dos 13 soldados mortos no domingo, sete morreram em um ataque contra seu veículo blindado, mas o corpo de um deles ainda não havia sido identificado.
De acordo com a imprensa israelense, o corpo do sétimo soldado ou parte de seus restos mortais poderiam estar nas mãos do Hamas, que há dois dias anunciou haver capturado um soldado israelense, identificando-o como Oron Shaul. O embaixador israelense na ONU, Ron Prosor, porém, negou o sequestro.
Desde quinta-feira passada, quando começou a ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, 27 soldados israelenses foram mortos, o maior número de baixas no Exército israelense desde 2006.
ISRAEL ATACA MAIS DE 70 ALVOS; FERIDOS CHEGAM A 3.640
Nesta terça-feira, a Força Aérea de Israel atacou mais de 70 alvos palestinos, incluindo a casa do líder morto da ala militar do Hamas, cinco mesquitas e um estádio de futebol, informou o porta-voz da polícia Ayman Batniji. Desde o início da ofensiva israelense em Gaza, em 8 de julho, 3.640 pessoas ficaram feridas.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha informou que uma família alemã-palestina morreu em um ataque israelense em Gaza. A mídia alemã identificou a família como um casal e seus cinco filhos. Todos carregavam passaportes alemães.
Nas primeiras horas da manhã, projéteis danificaram várias casas ao longo da fronteira Leste do território. Pelo menos 19 barcos de pesca foram incendiados por bombas disparadas de navios israelenses no Mediterrâneo.
Dezenas de palestinos morreram em uma série de bombardeios no sul e no centro de Gaza. Entre as vítimas estavam membros de uma mesma família que faleceram em um ataque em Deir el Balah, no sul. Outra pessoa morreu em um ataque aéreo em Khan Yunes e uma foi atingida em um bombardeio no campo de Nuseirat.