Se no campo diplomático as relações entre Alemanha e Estados Unidos estremeceram no ano passado, com a notícia de que os americanos grampearam por anos um telefone celular da chanceler Angela Merkel, dentro das quatro linhas vigora uma amizade fraterna.
Ambos alemães, os técnicos das duas seleções, Joachim Löw (Alemanha) e Jürgen Klinsmann (EUA), são velhos amigos. saiba mais Blatter quer tirar a Copa-2022 do Qatar Copa não consegue animar empreendedores, diz pesquisa França e Equador ficam no 0 a 0; europeus encaram a Nigéria Com 2 de Messi, Argentina vence a Nigéria e joga oitavas em São Paulo Número de manifestações cai 39% após o início da Copa do Mundo Leia mais sobre Copa 2014
Löw foi auxiliar de Klinsmann quando o ex-atacante dirigiu a Alemanha na Copa-2006. Ao assumir o comando, manteve práticas introduzidas pelo chefe, como ênfase na preparação física e em atividades de motivação.
Essa afinidade, aliada ao fato de que um empate nesta quinta (26) classificará os dois times à segunda fase, projetou o espectro da marmelada sobre a partida na Arena Pernambuco.
Desde que Portugal e EUA empataram em Manaus, permitindo o cenário de um "jogo de compadres" entre americanos e alemães, o tema dominou entrevistas de técnicos e jogadores. Na véspera do jogo não foi diferente.
"Nossa relação sempre foi excelente, de cooperação e confiança total. Mantemos contato, às vezes nos vemos, jantamos, conversamos. Essa amizade não vai ser afetada pelo futebol. Temos lido sobre um pacto de não agressão. Não há como isso acontecer, quem nos conhece sabe que somos ambiciosos e que ambos jogamos em busca do gol", disse ontem Löw.
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"É mais do que apenas uma relação de trabalho. É uma relação de amizade, com muita admiração. Sempre estamos em contato, mas nesta Copa deixamos os telefones de lado por um tempo. Queremos ir além e dificultar a vida dos alemães", afirmou Klinsmann.
O meia alemão Özil disse que, como jogador, não entra em campo para empatar.
"Não atuo sem ter como objetivo o gol. Queremos vencer e ser primeiros no grupo. É para isso que jogaremos."
VERGONHA DE GIJÓN
Ontem se completaram 32 anos de uma das maiores manchas do futebol alemão, uma marmelada tão grande que ressurgiu às vésperas do jogo em Pernambuco.
Em 25 de junho de 1982, na última rodada da primeira fase da Copa da Espanha, a Alemanha venceu a Áustria por 1 a 0, em Gijón, resultado que classificou os dois países e eliminou a Argélia.
Se os alemães vencessem por diferença de três gols, os austríacos cairiam. Um empate derrubaria a Alemanha.
"FRAUDE
Os times entraram em campo sabendo do que precisavam. O único gol foi marcado aos 11min do primeiro tempo, e em todo o restante do jogo os times administraram o resultado, sob vaias e gritos de "fraude" das arquibancadas.
O meia brasileiro Zico disse que sentiu vergonha e que aquele era um dia triste para o futebol.
Após o episódio, conhecido como "A Vergonha de Gijón", a Fifa decidiu que os jogos finais da fase de grupos seriam todos realizados nos mesmos horários, para evitar armações.
Nesta quarta (25), o técnico alemão demonstrou desprezo pela memória daquele episódio.
"Hoje em dia, isso não significa mais nada para essa seleção, porque a maioria dos jogadores nem tinha nascido. Se forem abordados, acho que nem teriam o que opinar. É difícil saber o que aconteceu, isso não é um tema para mim nem para Klinsmann. Mas asseguro que, quando a gente tenta jogar por um empate, geralmente não dá certo", disse Löw.