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Comissão do Senado acompanha apuração da morte de Malhães no Rio

Publicada em 06 de Maio de 2014 �s 07h41


 A comissão de Direitos Humanos do Senado vai conversar nesta terça-feira (6) com Rogério Pires, caseiro do ex-coronel Paulo Malhães, que confessou ter matado o militar no dia 25 de abril. Semanas antes, Malhães assumiu ter cometido torturas e outros crimes durante a ditadura no Brasil em depoimento para a Comissão Nacional da Verdade. Ana Rita (PT-ES), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e João Capiberibe (PSB-AP) irão se encontrar com a Comissão Estadual da Verdade, presidida por Wadih Damous, às 8h30, no Centro do Rio. Às 9h30, as duas comissões estarão na Divisão Anti-Sequestro, no Leblon, na Zona Sul do Rio, para conversar com o caseiro Rogério Pires, que confessou ter matado Malhães com a ajuda de dois irmãos. Depois, às 11h, o grupo irá se encontrar com o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, na sede da corporação, no Centro do Rio. saiba mais Comissão da Verdade pede que PF acompanhe investigação da morte de Malhães Coronel recua e nega ter ocultado corpo Comissão da Verdade do Rio investiga "ligação" entre atentados na OAB e Riocentro Dilma assina instalação da Comissão da Verdade Ministra considera normal pressão de advogado à Comissão de Ética Leia mais sobre Comissão da verdade Randolfe Rodrigues, membro da Comissão do Senado, acredita que houve uma falha na proteção a Malhães após o depoimento do ex-coronel à Comissão Nacional da Verdade, e diz que a comissão acompanhará a investigação passo a passo. "Deveriam ter oferecido uma proteção melhor a ele após o depoimento. Nós, na condição de fiscais, não podemos nos omitir", disse Randolfe. Segundo o senador, a conversa com o caseiro Rogério Pires é fundamental para determinar as circunstâncias da morte de Malhães. Wadih Damous, presidente da Comissão da Verdade, reforçou o pedido de participação da Polícia Federal no caso, e classificou a visita como "fundamental": "Trouxemos a visita para o Leblon porque em Belford Roxo, onde ele estava, não havia carceragem. Teremos muito a conversar com ele", disse Wadih. Laudo não está pronto A assessoria da Polícia Civil do Rio informou nesta quinta-feira (1º) que o laudo da necropsia do coronel reformado Paulo Malhães, assassinado no dia 25 de abril, em seu sítio em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ainda não está pronto. De acordo com a polícia, ainda estão sendo recolhidas informações sobre o suposto roubo do disco rígido do computador do militar, citado em reportagem publicada no jornal O Dia. No dia 29, o caseiro Rogério Pires, que segundo a polícia confessou ter participado do crime que terminou com a morte do coronel, denunciou seus dois irmãos como sendo os homens que invadiram, no dia 25, o sítio do militar. Malhães, que no mês passado contou à Comissão da Verdade que havia participado de sessões de tortura durante a ditadura, morreu enquanto o grupo estava em sua casa. Até a noite desta quinta, os irmãos do caseiro – identificados como Rodrigo Pires e Anderson Pires Teles – ainda eram procurados pela polícia. Os três tiveram a prisão temporária decretada. Segundo o delegado William Pena Júnior, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), os investigadores tentam descobrir quem é o quarto homem que participou do crime. De acordo com o delegado, o caseiro participou do crime dando informações, mas não teria planejado a ação. "O caseiro foi a fonte de informações para que a ação toda pudesse acontecer, mas os irmãos dele foram os mentores", disse. Prisão Rogério foi preso na manhã da terça-feira após prestar depoimento na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, durante a noite de segunda. De acordo com a polícia, ele facilitou a ação dos bandidos que fizeram o militar e a mulher dele, Cristina Batista Malhães, reféns durante 13 horas. Antes de prender o caseiro, a polícia ouviu Rogério e a viúva mais de uma vez. Os três filhos do coronel também prestaram depoimento. Cachorro ajuda investigação O comportamento de um cachorro que vigiava a casa de Malhães também foi um elemento que a polícia levou em consideração para prender o caseiro. "O cachorro é feroz, pudemos constatar isso, e foi estranho ele não ter reagido quando a casa foi invadida por criminosos", explicou Medina. Após o laudo que vai identificar as circunstâncias que levaram à morte do coronel, a polícia vai poder reforçar a tese de latrocínio ou acreditar na possibilidade de uma morte natural. Segundo policiais da DHBF, no caso de a morte não ter sido causada por asfixia ou outra ação direta dos criminosos, o crime poderá ser classificado apenas como roubo. Perfil do coronel A polícia disse que, com os depoimentos, está traçando um perfil do coronel. "Estamos trabalhando para criar uma rotina da vida dele, de desafetos, vizinhos." Maia disse que, com o que a polícia colheu até agora, é possível dizer que Malhães era uma pessoa reclusa, até pelo local em que vivia. "É uma miscelânea. Há pessoas que falam que ele tinha um problema de relacionamento social, mas tem também quem disse que ele ajudava vizinhos a pagar dívidas e era um cara solícito", afirmou. Segundo Maia, o laudo cadavérico vai ajudar a tirar dúvidas sobre a causa morte do coronel. "A gente quer ser preciso e técnico", disse. Invasão ao sítio De acordo com depoimento prestado pela viúva do coronel, pelo menos três homens – um deles com o rosto coberto – invadiram o sítio de Malhães . A mulher disse que a invasão ocorreu por volta das 13h e que, até as 22h, ela e o caseiro foram mantidos reféns em cômodos separados. Os criminosos fugiram levando armas que o oficial colecionava e dois computadores. O coronel foi encontrado morto depois que os invasores deixaram a propriedade. Segundo o delegado Pena Júnior, a polícia desconhece informações que apontem para possíveis ameaças sofridas pelo coronel antes de ser encontrado morto. Há cerca de um mês, Malhães havia admitido na Comissão Nacional da Verdade, em Brasília, que participou de torturas e desaparecimentos durante a ditadura militar, inclusive no caso do ex-deputado Rubens Paiva – que foi preso em 20 de janeiro de 1971 e é um dos 183 desaparecidos políticos com o paradeiro a ser investigado pela comissão. A Comissão Nacional da Verdade foi criada pelo governo federal para examinar e esclarecer violações de direitos humanos praticadas durante o regime militar, que vigorou no país entre 1964 e 1985. Em depoimento à comissão, Malhães disse que o corpo do ex-deputado foi jogado em um rio de Itaipava, na Região Serrana do Rio, por agentes da ditadura. Cerca de uma semana depois, em outro depoimento, ele negou o fato.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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