A assessoria de imprensa de Michael Schumacher divulgou, em nota oficial, que o estado de saúde do heptacampeão mundial de Fórmula 1 é crítico. O alemão tem um trauma cerebral e encontra-se em coma após o grave acidente em uma estação de esqui em Méribel, na França (veja abaixo a localização no mapa), neste domingo, às 11h07m locais – 8h07m no horário de Brasília. De acordo com o comunicado, o ex-piloto de 44 anos chegou ao hospital com "traumatismo craniano grave, em coma, o que exigiu intervenção neurocirúrgica imediatamente". Nesta segunda-feira, haverá uma coletiva de imprensa no local para dar mais informações sobre Schumi, às 11h locais (ou seja, 8h no horário de Brasília).
O ex-piloto foi transferido de helicóptero a um hospital em Grenoble (Foto: Agência Reuters)
Leia a íntegra do comunicado oficial:
- O senhor Schumacher deu entrada no hospital em Grenoble às 12h40m (horário local), na sequência de um acidente de esqui em Méribel, no final da manhã. À sua chegada, ele sofria de um traumatismo craniano grave, em coma, o que exigiu intervenção neurocirúrgica imediatamente. Ele permanece em uma situação crítica - afirma o comunicado lido pelo diretor do hospital, Jean-Marc Grenier, e redigido com consenso da família.
Recordista de títulos mundiais da principal categoria do automobilismo mundial, Schumacher teve um trauma grave ao bater a cabeça em uma pedra enquanto esquiava. Ele foi levado de helicóptero ao hospital Moutier, a 17 km do local, menos de dez minutos após a queda. Logo depois, foi removido a outro hospital, em Grenoble, onde está internado.
Michael Schumacher está em coma e seu estado de saúde é crítico (Foto: Agência Reuters)
De acordo com a emissora de rádio francesa "RMC", o médico Gérard Saillant, diretor do instituto do cérebro e da medula espinhal, que é financiado por Schumacher, está no local. Os dois são amigos. Em 1999, ele realizou uma cirurgia na perna do alemão. Saillant é um dos mais importantes especialistas em medicina esportiva no mundo. Foi ele quem operou o ex-atacante Ronaldo em uma das lesões que o Fenômeno teve no joelho.
Ex-chefe de equipe da Mercedes e mentor dos sete títulos mundiais de Schumacher, o inglês Ross Brawn chegou a Grenoble no início da noite deste domingo, para dar apoio à família do ex-piloto. O presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean Todt, também está no hospital. O alemão recebe ainda o apoio da esposa, Corinna, e dos filhos Gina-Marie, de 16 anos, e Mick, de 14.
Ex-piloto da Fórmula 1, Olivier Panis, de 47 anos, foi ao hospital atrás de informações sobre a saúde de Michael Schumacher. O francês, que fez 158 corridas na categoria, vive em Grenoble. Em entrevista à imprensa francesa, Panis disse que não conseguiu saber de nenhum fato novo e que voltaria nesta segunda-feira ao local.
Olivier Panis foi até o hospital para saber de Michael Schumacher (Foto: AFP)
A porta-voz do alemão, Sabine Kehm, afirmou mais cedo que ele utilizava um capacete no momento do choque.
– Michael caiu e bateu a cabeça quando estava praticando esqui nos Alpes Franceses. Ele foi levado ao hospital e está recebendo atendimento médico profissional. Ele estava usando um capacete. Ninguém mais estava envolvido na queda.
Alguns minutos depois do acidente, a única pessoa a se pronunciar oficialmente havia sido o chefe da estação de esqui onde ocorreu a queda, que contou a respeito dos procedimentos de primeiros socorros ao ex-piloto.
– Ele foi levado de helicóptero para um hospital em Grenoble. Agora, realmente não sei a gravidade da lesão. A polícia está agora conduzindo a investigação sobre os motivos da queda. Nós ainda não sabemos se isso aconteceu em uma pista ou fora dela – explicou Christophe Gernignon-Lecomte, chefe da estação de esqui de Méribel, logo após o primeiro atendimento.
Mapa mostra o local do acidente de Michael Schumacher (Foto: Editoria de Arte)
'Viciado em velocidade'
A modalidade de esqui alpino é um dos hobbies favoritos de Schumacher desde os tempos em que competia pela Ferrari, equipe que tradicionalmente faz suas apresentações de pré-temporada na estação italiana de Madonna di Campiglio. O ex-piloto, que estava com o filho Mick no momento do acidente, declarou certa vez que o esporte era uma das maneiras encontradas por ele para curtir a família, já que passava pouco tempo em casa devido às constantes viagens para disputar os GPs de F-1.
O alemão, que na próxima sexta-feira (dia 3) completará 45 anos, é o piloto mais vitorioso da história da Fórmula 1 em números totais, com 91 vitórias, 155 pódios, 68 poles e 77 voltas mais rápidas. Em 19 temporadas, ele conquistou dois títulos pela Benetton (1994 e 1995) e cinco pela Ferrari (de 2000 a 2004). Após a primeira aposentadoria ao fim de 2006, o piloto retornou à F-1 em 2010 pela Mercedes, mas em três temporadas só subiu ao pódio uma vez, com um terceiro lugar, sendo amplamente batido pelo seu companheiro Nico Rosberg no Mundial de Pilotos.
Como todo piloto de seu nível, Schumacher é considerado um “viciado em velocidade”. Quando se retirou da F-1 ao fim de 2006, às vésperas de completar 38 anos, ele se aventurou em corridas do moto num torneio alemão de Superbike. Correndo sobre duas rodas, o alemão sofreu três grandes quedas. Uma delas com maior gravidade, causando uma lesão no ombro e no pescoço, o que o impediu de substituir Felipe Massa na Ferrari quando o brasileiro sofreu o acidente nos treinos para o GP da Hungria em 2009.
No primeiro ano de sua aposentadoria definitiva da Fórmula 1, o alemão intensificou as atividades para manter sua adrenalina em alta, mesmo longe das pistas. Nos Estados Unidos, ingressou em competições de adestramento de cavalos – uma das paixões de sua esposa, Corinna, que mantém um estábulo na ampla residência da família. Já em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Schumi encontrou na semana passada o brasileiro Luigi Cani, referência mundial no wingsuit, antes de uma série de saltos em paraquedas de alta performance. Afastado das competições com carros, ele mantém a forma e os reflexos em dia andando de kart na Alemanha e em outras pistas da Europa.