As cirurgias ortopédicas voltaram a ser realizadas no Hospital de Urgência de Teresina nesta quarta-feira (3), após três dias de suspensão. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI), que realizou fiscalização no local, o material que estava em falta já foi reposto, o que possibilitou a retomada dos procedimentos.
"Tivemos notícia do problema e viemos conversar com a diretoria para saber o que aconteceu. Eram pagamentos de fornecedores que estavam em atraso, mas já foi resolvido e vamos esperar que não aconteça outra vez. Hoje já está tudo regularizado", declarou o presidente do CRM-PI, Dagoberto Silveira ao g1 ao deixar a unidade de saúde nesta quarta.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) havia informado que a falta de material era decorrente da dificuldade dos fornecedores conseguirem os insumos. O HUT é referência em atendimentos de pacientes vítimas de traumas e em cirurgias ortopédicas para todo o Piauí.
Nesta quarta-feira (3), contudo, após três dias de suspensão e denúncia do g1, os materiais foram entregues ao hospital, conforme a FMS. Veja nota abaixo:
NOTA
O Hospital de Urgência de Teresina (HUT) informa que as cirurgias ortopédicas estão sendo retomadas gradativamente, a partir de hoje (03), de acordo com o recebimento das OPMEs (órteses, próteses e meterias especiais) por parte dos fornecedores.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) esteve reunida ontem (02) com os fornecedores para ver as pendências e regularização do fornecimento. O HUT já tomou todas as providências administrativas para a retomada do serviço.
Familiares de pacientes relatam sofrimento da espera
O pai de um paciente contou que presenciou o sofrimento de outros pacientes à espera da cirurgia. Ele contou que o caso do seu filho conseguiu ser resolvido rapidamente.
"O material dele deu certo, não demorou muito, mas outros infelizmente 'tá' em falta, tem gente com três, quatro dias aguardando... É sofrimento muito, lotado, gente que os corredores não cabem, risco grande, envolve saúde, infelizmente a gente não pode fazer nada, já está no hospital, é aguardar", relatou.
Acompanhantes de outros pacientes com fraturas na tíbia e no maxilar relataram as dificuldades diante da longa espera. No caso do paciente com fratura no rosto, há ainda a dificuldade maior pelo fato de que, com o problema, ele não pode se alimentar por via oral.
Suspensão
Pelo menos 50 cirurgias ortopédicas deixaram de ser feitas desde a última sexta-feira (28) no HUT por falta de material. O g1 apurou que na terça-feira (2) não havia nenhuma caixa de placas e parafusos, por isso nenhuma cirurgia foi feita.
Procurada, a Fundação Municipal de Saúde informou que empresas fornecedoras estão enfrentando dificuldades para obter os insumos necessários. Veja a íntegra do posicionamento ao fim da reportagem.
“Na sexta foram suspensas algumas, no sábado e domingo outras. Só estamos conseguindo fazer as cirurgias que não precisam de desses materiais, uma ou outra a gente consegue. Quando é preciso colocar aqueles pinos do lado de fora, fixador, a gente consegue um ou outro, quando é pino para travar clavícula, punho ou em criança, a gente resolve, mas as outras não conseguiu. Hoje mesmo, não conseguimos fazer nenhuma”, informou um funcionário que não quis ser identificado.
A denúncia foi feita na Câmara Municipal de Teresina pelo vereador Leonardo Eulálio (PL). A principal causa seria a falta de pagamento a fornecedores desses materiais, que antes era realizada pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) e foi centralizada na Secretaria de Finanças.
Nesta terça-feira (2), os vereadores aprovaram o retorno da Central de Licitações para a FMS para compra de medicamentos e produtos.
De acordo com o vereador Leonardo Eulálio, que é presidente da Comissão de Saúde da Câmara, fará uma nova visita ao hospital e solicitou que a presidente da FMS, Clara Leal, faça uma nova negociação com as empresas fornecedoras de materiais para que as cirurgias retornem.
Somente no feriado desta segunda-feira (1º), 31 cirurgias foram suspensas e hoje nenhuma foi feita. Uma Comissão Parlamentar Especial (CPE) está sendo realizada na Câmara para apurar quais as irregularidades e dificuldades que a FMS, já que muitos hospitais municipais estão tendo problemas com falta de materiais.
“O nosso relatório ele está pronto, ele já vai ser encaminhado para a nossa comissão de saúde especial, para que a gente possa ler, discutir e depois apresentar a essa Casa. Hoje mesmo eu já entrei em contato com a presidente da fundação, a doutora Clara Leal para novamente fazer essa negociação, essa repactuação porque a gente precisa da regularidade, porque o paciente lá internado e não operado é custo e acaba represando novos pacientes para adentrar naquela casa de saúde”, afirmou o vereador.
A Fundação Municipal de Saúde esclarece que as empresas que fornecem OPMEs (orteses, próteses e materiais especiais) para o Hospital de Urgência de Teresina já estão agendadas, com a FMS, para ver as pendências e regularização do fornecimento. No momento, apenas duas empresas estão conseguindo junto aos fabricantes os insumos necessários para o HUT. As demais empresas contratadas, via chamamento público, alegam dificuldades para conseguir os insumos junto aos fabricantes.