Mais de 40 mil homens, segundo a Pastoral, participaram da Procissão do Fogaréu na noite desta quinta-feira (17), na cidade de Oeiras, a 313 quilômetros de Teresina. A procissão reúne fiéis de diversos municípios piauienses e até de outros estados e faz parte do calendário da Semana Santa mais tradicional do Estado.
A procissão do Fogaréu, realizada em poucas cidades do Brasil, é formada apenas por homens, devido a uma tradição secular que representa o momento em que os soldados romanos saíram às ruas em busca de Jesus. Os homens saem em procissão levando tochas acesas, após a iluminação pública da cidade ser desligada. As mulheres, que não podem participar, acompanham tudo das calçadas e janelas. As mais idosas ficam rezando dentro de casa.
O Fogaréu sai da catedral de Nossa Senhora da Vitória com os homens cantando hinos de louvor ao som da matraca e percorre as ruas do centro histórico de Oeiras, retornando ao ponto de partida. Na volta, no adro da catedral, os romeiros assistem ao sermão do padre.
A Semana Santa em Oeiras começou no dia 11, com a Procissão da Fugida, quando fiéis levaram a imagem de Jesus da catedral de Nossa Senhora da Vitória para a igreja de Nossa Senhora do Rosário, de onde retornou no dia seguinte, na Procissão de Bom Jesus dos Passos. Além da Procissão do Fogaréu, o calendário destaca ainda as procissões do Senhor Morto, na Sexta-Feira da Paixão, e a do senhor Ressuscitado, no Domingo da Ressurreição.
A religiosidade de Oeiras se mantém graças a pessoas como o aposentado Francisco das Chagas Ferreira, que acompanha a Procissão do Fogaréu há 30 anos. Aos 64 anos ele conta que, já virou tradição para sua família.
“Isso é uma tradição. Participo desde criança, pois aprendi com os pais, isso vem repassando de geração em geração. Trouxe meu filho e agora meu sobrinho. Pretendo participar todos os nãos seguintes”, afirmou.
Para o Francisco Filho, que é filho do aposentado, a missão de manter viva a tradição é necessária. “Tenho 39 anos e sempre participei porque meu pai me trouxe. Quero que meus filhos também sigam a tradição, pois isso trouxe meu filho”, relatou Francisco.
Lauro Augusto, de 15 anos, há dois participa do evento religioso e disse que aprendeu todos os cânticos religiosos. “Quero vir sempre, pois é muito importante para nosso espírito ficar puro. Aprendi todos os cântico católicos cantados na procissão”, disse o rapaz.
Paulo Sergio da Silva, 42 anos, há 30 participa da procissão. De acordo com ele, a fez o fez curar de um problema de saúde muito grave. “Sigo os costumes católicos, frequento semanalmente a missa e que graças à procissão já consegui alcançar muitas graças. Tive uma doença e mesmo com problema participei. Depois de alguns dias me senti muito melhor. Após exames ficou comprovado que tinha me curado”, relatou o homem sem querer dizer qual seria esse problema.
Amaurir Campos Ferreira, 77 anos, conhecido como matraqueiro, há 36 anos que saio na frente da procissão. Ele carrega a matraca, que representa o sino. “Nesta época a igreja não toca o instrumento religioso que fins catedrais, então usamos isso para anunciar que os soldados romanos estavam perseguindo Jesus. O instrumento é feito de madeira e ferro, chegando a pesar cerca de 10 quilos”, contou Amaurir.
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