Publicada em 03 de Agosto de 2015 �s 09h29
Doenças como lesão cerebral e medular, acidente vascular cerebral (AVC), paralisia cerebral e esclerose múltipla provocam um distúrbio neurológico progressivo conhecido por espasticidade. Alguns dos principais sintomas da espasticidade são dificuldades de locomoção, deformidades ósseas e articulares, movimentos involuntários bruscos, espasmos musculares e reflexos alterados. Pessoas que apresentam esse quadro têm seu tratamento de reabilitação físico-motora comprometido. Diante disso, o Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) firmou uma parceria com o Hospital Getúlio Vargas (HGV) para o tratamento de alta complexidade em reabilitação de pacientes que apresentam espasticidade e que, devido a ela, não estão evoluindo no tratamento de reabilitação físico-motora. “Apesar de ser um Centro de Alta Complexidade em Reabilitação, o Ceir possui apenas atendimento ambulatorial. Há casos de pacientes que precisam ser submetidos a procedimentos cirúrgicos. Como o HGV é um hospital de alta complexidade em Neurocirurgia que realiza procedimentos cirúrgicos voltados para a reabilitação em alta complexidade, resolvemos nos reunir com a sua direção para firmar essa parceria”, afirma o superintendente executivo do Ceir e neurocirurgião, Francisco José Alencar. Taylon Moreira, 21 anos, de Guadalupe, comemora a parceria. Há dois anos, o jovem sofreu fratura da coluna cervical, ao tentar dar um salto acrobático, e perdeu os movimentos dos braços e pernas. Taylon faz acompanhamento multiprofissional no Ceir e realizou um procedimento cirúrgico chamado de Rizotomia Dorsal Seletiva no HGV. “Por conta da espasticidade, Taylon já não apresentava mais evolução no seu tratamento de reabilitação. Pelo contrário, ele precisava ficar com as pernas amarradas em decorrência de graves movimentos involuntários”, explica Francisco José Alencar. Segundo o neurocirurgião, que realizou o procedimento cirúrgico do jovem estudante, o tratamento cirúrgico, através da secção de partes dos nervos com respostas nervosas patológicas, é o único procedimento que oferece uma redução permanente da espasticidade. Alencar ainda explica que Taylon é paciente do Ambulatório de Espasticidade do Ceir. “Deste ambulatório, o encaminhamos para o ambulatório de neurocirurgia funcional do HGV, onde foi realizada a liberação do procedimento cirúrgico. Serviços estes prestados totalmente através do Sistema Único de Saúde (SUS)”, frisa. Ceir mantém Ambulatório de Espasticidade Com o objetivo de orientar pacientes para a melhor conduta da espasticidade, o Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) mantém, há mais de sete anos, um Ambulatório de Espasticidade. O Ambulatório já atendeu mais de 600 pessoas e 400 delas já foram submetidas à aplicação de toxina botulínica, uma das alternativas para a melhoria do quadro de espasticidade dos pacientes, que compromete significativamente o prognóstico de reabilitação motora e de qualidade de vida dessas pessoas. “A toxina botulínica, conhecida como botox, permite o relaxamento da musculatura do paciente e com a sua aplicação, ele consegue realizar tarefas que antes não conseguia. Além disso, a toxina não tem efeitos colaterais sensoriais e cognitivos e é menos invasiva que cirurgias”, explica o superintendente executivo e neurocirurgião voluntário do Ambulatório de Espasticidade do Ceir, Francisco José Alencar. A aplicação da toxina botulínica é realizada dentro do período de três a quatro meses. Para ter acesso ao serviço no Ceir, caso a pessoa não seja paciente do Centro, é necessário que ela procure a Unidade de Saúde mais próxima de sua residência, faça uma consulta com um médico do Programa de Saúde da Família ou credenciado pelo SUS e solicite o preenchimento da guia de marcação de consultas do SUS. No setor de marcação de consultas online do SUS, no Posto de Saúde ou Secretaria de Saúde do seu município, a pessoa deve selecionar como item a triagem para a reabilitação físico-motora do Ceir. “Eu não conseguia ficar sentado e muito menos em pé. Mas devido ao tratamento de reabilitação físico-motora que faço no Ceir, já consigo me sentar e dar alguns passos. Sou acompanhado pelo Ambulatório de Espasticidade há um ano. Vou fazer a segunda aplicação de toxina botulínica”, conta Tarcicio Silva, 26 anos, de Cocal de Telha, que sofreu lesão medular e cerebral devido a um acidente de moto.
Já o pequeno Marcos Vinícius, 7 anos, de Santa Cruz do Piauí, vai fazer a sua quarta aplicação de toxina botulínica. “Não temos condições de nos manter em Teresina, então ele faz apenas consultas periódicas no Ceir e aplicação de botox. Ele é acompanhado pelo Ambulatório há dois anos, e melhora muito depois que faz a aplicação”, finaliza a mãe de Marcos, Mirene Alves.