Publicada em 17 de Outubro de 2014 �s 10h21
Diagnosticada com uma doença degenerativa que atinge os movimentos do corpo, Samara Rodrigues trava uma luta diária contra o avanço dos sintomas da disfunção. Com a descoberta, entre os 18 e 20 anos de idade, da ataxia, a jovem se sentiu sem estímulos para continuar a viver e se viu mergulhada em uma depressão, quando, com o apoio de entidades de atendimento às pessoas com deficiência (PCDs) conseguiu recuperar a autoestima e iniciar um tratamento.
A ataxia é uma desordem neurológica que se caracteriza por provocar uma perda da habilidade para executar movimentos e gestos precisos. No caso de Samara, a fala também é prejudicada. “Eu caminhava e caía sem saber o porquê, batia nas minhas próprias pernas. Minha voz também começou a mudar. Recorri a vários médicos, mas nenhum conseguia detectar a doença. Depois de algum tempo, quando os meus movimentos já estavam comprometidos, um neurologista descobriu o que era”, conta a jovem.
Algum tempo após a descoberta da ataxia, Samara passou a frequentar o Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) e a Associação dos Cadeirantes de Teresina (Ascamte), onde encontrou o apoio que precisava. “No início, fiquei muito depressiva, só queria morrer, mas com o tempo aprendi a superar. Amigos me indicaram as duas entidades e comecei a me tratar tanto físico, quanto psicologicamente. Como o meu problema é degenerativo, venho mantendo um bom condicionamento e minha autoestima melhorou muito. Aprendi a ver a vida de outra forma”, relata.
Paciente do Ceir há três anos, Samara participa de terapias, cujo principal objetivo é retardar a progressão dos sintomas da disfunção neurológica. “Ela faz hidroginástica, na qual são realizados exercícios, principalmente de deslocamento, para que haja a melhoria do seu condicionamento físico. Ela participa também da fisioterapia, onde trabalha o fortalecimento e coordenação dos membros superiores e inferiores utilizando peso, barra paralela, bola e bicicleta. Todos ajudam a melhorar o seu equilíbrio e postura nas atividades de vida diárias”, esclarece a fisioterapeuta, Darlene Marques.
Para a educadora física do Ceir, Islânia Bastos, é notável a mudança na autoestima de Samara. “Com as atividades físicas, sua autoestima foi bastante elevada, uma vez que ela passou a conseguir realizar as atividades do dia a dia. Os exercícios também proporcionam a melhoria da sua vida social, pois ela passa a ter mais ânimo por poder se deslocar aos ambientes que costuma frequentar e, assim, se reunir com os amigos e familiares”, explica.
Já na Ascamte, a jovem encontrou o aconchego e apoio psicológico que procurava. “Há um ano a Samara veio até nós, gostou da receptividade e desde então passou a fazer parte da família Ascamte, onde mudou bastante seu modo de ver a vida. Aqui ela fez amizades e sempre participa com entusiasmo dos eventos. Mas não fomos apenas nós que a ajudamos. Ela nos ajudou a abrir a mente e hoje, apesar da maioria dos associados serem cadeirantes, estamos abertos para receber pessoas com qualquer tipo de deficiência”, afirma a presidente da Associação, Jucilene da Silva.
Com o apoio das duas entidades, Samara pôde solicitar uma cadeira de rodas. Por meio do equipamento, a jovem, que em casa se locomove com um andador, e pelas ruas, com a ajuda de acompanhantes, apoiando-se, poderá utilizar o Transporte Eficiente. Posteriormente, a piauiense irá requisitar uma cadeira motorizada, o que facilitará bastante o seu deslocamento e a sua luta diária para aproveitar ao máximo, ainda que com as limitações, o que a vida lhe oferece de melhor.