“Nem sei ao certo quantas horas eu estudo”. Esse empenho fez com que o cearense Francisco Rodrigues de Castro Júnior conquistasse, com apenas 14 anos, uma aprovação em Medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC), no campus de Sobral. Cursando o 2º ano do ensino médio no Colégio Ari de Sá Cavalcante, Júnior disputou uma das 80 vagas com mais de 3,7 mil candidatos (concorrência de 46 por vaga).
Francisco Rodrigues de Castro Júnior disputou uma das 80 vagas de medicina com mais de 3,7 mil candidatos (FOTO: Arquivo Pessoal)
O jovem realizou a prova do Enem 2013 como uma forma de testar seus conhecimentos e obteve a média geral de 791,2 pontos. Tímido, ele confessa que não se surpreendeu com a aprovação, porque recebeu o resultado de forma fragmentada. No colégio, a notícia foi divulgada naturalmente, mas as pessoas acharam que a idade dele estava errada no sistema.
“Primeiro o número de questões, depois pontuação e depois aprovação. Então o impacto se dissipou um pouco”, explica o garoto, que começou a estudar com dois anos, em Mucambo, a 353 km de Fortaleza.
Na rotina do primeiro lugar da turma olímpica não existe nenhuma fórmula secreta ou atividades incomuns. Entre uma hora de estudo e outra, também sobrava tempo para se divertir com os amigos e interagir nas redes sociais. Porém, o melhor passatempo para Júnior sempre foi a leitura. “Eu sou caseiro, quando quero me divertir vou para o computador ou leio um livro”.
Entre as matérias preferidas, ele cita biologia, geografia e literatura. Quantos livros costuma ler em média? Ele também não costuma contabilizar, mas tem a fantasia épica da série “As Crônicas de Gelo e Fogo”, escrita pelo romancista e roteirista norte-americano George R. R. Martin, como a preferida.
Para cursar Medicina, Júnior recebeu um certificado de avanço do colégio, através do Conselho Nacional de Educação, possibilitando-o a realizar a matrícula na universidade sem a necessidade de concluir o ensino médio. Segundo o diretor de ensino do colégio Ari de Sá Cavalvante, Ademar Celedônio, em alguns casos a escola tem autonomia para resolver a documentação do aluno. No caso do Júnior, a alta nota alcançada no Enem foi determinante.
“Eu já mudei muitas vezes o que eu queria fazer, mas o meu atual sonho era fazer Medicina. Pensei em ser engenheiro, pensei até em ser astronauta”, conta o aprovado, que agora pretende ser o primeiro médico da família, de onde vem as inspirações para os estudos. “Não tenho nenhum super herói como exemplo. Admiro alguns professores que tive, minha mãe e minha tia, que são professoras”.
Como sempre estudou com pessoas mais velhas do que ele, o cearense explica que está tentando não criar expectativas para a fase universitária, e que ainda é cedo para pensar em uma especialidade. “Eu acredito que eu vou gostar das disciplinas e do que eu vou aprender. Estou tentando me manter neutro, porque vai depender também das pessoas com quem eu vou estudar”.
Além de olimpíadas internas entre os colegas de escola, o cearense também se destacou em olimpíadas nacionais. Ele tem três medalhas de prata pela Olimpíada Brasileira de Astronomia, uma pela Olimpíada Júnior de Ciências Americana e outra pela etapa nacional da Olimpíada Internacional Júnior de Ciências.
Garotos prodígio
Em 2013, o cearense Tiago Dirceu Saraiva também foi aprovado em Medicina na Universidade Federal do Ceará com apenas 14 anos. O aluno do colégio Farias Brito fez o exame nacional como um teste ainda no primeiro ano do ensino médio e conquistou uma das 80 vagas com mais de 4 mil concorrentes.