Pâmella Leão foi atingida com um tiro na cabeça.
Dois dos sete policiais militares intimados para depor sobre o caso da travesti Pâmella Leão, baleada na cabeça durante o Corso de Teresina, compareceram nesta quinta-feira (14) ao 12º Distrito Policial. Segundo o delegado Willon Gomes, atualmente responsável pelas investigações, os oficiais trabalharam na festa junto com o subtenente suspeito de ser dono da arma do crime, que segundo o militar havia sido roubada.
Conforme a polícia, Pâmella foi atingida quando dançava a coreografia da música "Paredão Metralhadora" na companhia de amigas. Uma delas pegou a arma de um homem que estava próximo ao local, começou a brincar com o revólver e o tiro ocorreu de forma acidental.
Em depoimento, os dois policiais confirmaram que o subtenente trabalhou com a equipe no Corso, mas não souberam dizer se ele estava armado ou não. O delegado ainda chegou a ouvir pela segunda vez a amiga de Pâmella, que estava com a travesti no dia da festa e,novamente , ela não identificou o policial.
"Todos os policiais seriam ouvidos no mesmo dia, mas o comandante do 13º Batalhão da Polícia Militar solicitou que os depoimentos fossem separados para não atrapalhar o serviço. Nesta quinta-feira pegamos o relato de apenas dois oficiais, enquanto os outros ficarão para próxima semana", explicou.
Para o delegado, os relatos dos policiais são imprescindíveis para confrotar a versão dada pelo militar dono da arma. Em depoimento, o subtenente relatou que sua pistola foi roubada e por isso ele trabalhou desarmado no Corso.
"O policial contou ter pego a pistola no Comando Geral pela manhã, depois foi para casa, onde também funciona um bar, e a escondeu no guarda-roupa. Ao sair por volta das 18h para trabalhar no Corso, ele não encontrou mais a arma e mesmo assim foi para a avenida só com o cacetete. Apesar do agravante, o subtenente só registrou o sumiço da arma três dias depois", comentou o delegado.
De acordo com Willon Gomes, o depoimento da vítima seria fundamental para a elucidação do caso, mas este não foi colhido porque ela teve uma breve melhora e logo retornou para o Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Outro problema é que o projétil da bala encontra-se alojado na cabeça de Pâmella e a arma do crime nunca apareceu.
O diretor do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), Gilberto Albuquerque, informou ao G1 que há dua semanas Pâmella teve uma piora e passou por nova cirurgia para a implantação de um novo dreno na cabeça após apresentar hidrocefalia. A paciente permanece em coma induzido e com quadro estável.
Outros depoimentos
A polícia já ouviu 12 pessoas, sendo quatro delas testemunhas oculares do crime: um garçom, o dono de um bar, uma amiga de Pâmella e a suspeita de atirar na travesti . Todos eles não reconheceram o subtenente e confirmaram que o homem presente na cena do crime era uma pessoa mais jovem, entre 30 e 35 anos.
De acordo com o delegado Willon Gomes, a autoria do disparo já foi comprovada e processo de lesão corporal grave encontra-se na Delegacia do Menor Infrator. A suspeita de atirar na Pâmella é a sua amiga, de 16 anos, que confessou ter disparado a arma acidentalmente quando o grupo dançava a coreografia da música 'Paredão Metralhadora'.
"Caso a vítima venha a óbito, a acusação da menor se agrava e será transformada em lesão corporal grave, seguida de morte", destacou.