O advogado da família de Fernanda Lages Veras, Lucas Villa, declarou que pediu à Cico (Comissão Investigadora do Crime Organizado) a prisão de uma pessoa que estaria "relacionada à execução do crime", mas afirmou que a solicitação foi negada pela polícia. As informações foram dadas em entrevista ao Jornal do Piauí desta sexta-feira (7).
O advogado confirmou que está tendo acesso ao inquérito da Polícia Civil desde o mês de setembro, mas que há diligências e pedidos pendentes, como o de uma prisão no dia 16. "Pedi a prisão de uma pessoa relacionada à cena do crime, à execução. Essa pessoa tem feito omissões penalmente relevantes. Mas, o meu pedido não foi atendido e a polícia disse apenas que seria mais interessante, no momento, deixá-la solta para colher mais provas".
Lucas Villa disse estar preocupado também com a demora para a liberação da perícia do local do crime e do exame cadavérico. Além disso, afirmou que ele e a família de Fernanda acreditam que os exames de DNA ajudarão a finalizar o inquérito. "Acredito que eles se tornem provas cabais. Já foi mostrado que há vestígios de sangue no parapeito e na escada, pertencente a um homem. É complicado acreditar que um operário tenha se machucado justamente ali".
O advogado afirmou que acredita na possibilidade do crime ter tido dois executores. "Desde que vi o local, imagino essa possibilidade. E com o DNA já feito, ficou claro que pelo menos dois perfis masculinos se repetem no local", argumentou.
Orgia, prostituição, chantagem e "figurões"
Sobre as afirmações do promotor Eliardo Cabral de que Fernanda pode ter sido envolvida em uma rede de prostituição, que estaria "sabendo demais" e de que há pessoas "importantes" relacionadas ao crime, o advogado ressaltou que não existe base para essas declarações.
"Não batia com o perfil da Fernanda fazer esse tipo de coisa. Além disso, conversei com os promotores do caso durante a reunião da Cico e eles não me deram provas concretas do que dizem. Mas eu acredito que essas coisas não estão sendo ditas por acaso", refletiu Lucas.
Villa disse que ele e a família da estudante estão "tentando confiar nas autoridades", mas ressaltou que "essa confiança fica difícil quando as próprias instituições envolvidas na investigação estão discordando uma da outra" - "Confiamos, mas não é uma confiança cega", destacou.
Suicídio
O advogado afirmou que apesar da hipótese de suicídio não estar sendo dita "às claras", ele percebe que ela ainda está presente nas investigações. "Eu vejo claramente dentro das investigações, inclusive na reconstituição, que essa hipótese está presente e de maneira privilegiada. Descarto o suicídio, com base nos elementos que tenho agora. Não me baseio no sentimento da família, mas nos meus conhecimentos criminalistas e de psicologia criminal. Não há provas técnicas de suicídio".
Villa finalizou a entrevista dizendo que a família de Fernanda Lages pretende se resguardar e esperar o resultado dos exames de DNA.