Publicada em 28 de Maio de 2016 �s 10h00
A primeira sede do Governo do Piauí, o Sobrado Major Selemérico, em Oeiras, foi restaurado e entregue à comunidade na noite desta sexta -feira (27). O prédio, datado de 1845, agora é um espaço permanente de arte e de cultura. A solenidade contou com a participação do governador Wellington Dias, do secretário estadual de Cultura, Fábio Novo, além de diversas autoridades, artistas e da população.
A Casa de Cultura Major Selemérico abriga salas e espaços que contam grande parte da história cultural tanto da cidade como do Estado. No local, em parceria com a Prefeitura de Oeiras, funcionará três núcleos de cultura para o ensino de bandolins, congo e do reisado para crianças e comunidade, como forma de propagação e manutenção da cultura piauiense.
O sobrado ganhou restauração e modernização de sua estrutura que, de acordo com o secretário Fábio Novo, estava muito deteriorado, inclusive com o teto caindo e muitas infiltrações. O prédio que foi construído pelo então governador da província, Zacarias de Góis, foi restaurado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult). Na obra foram investidos aproximadamente R$ 655 mil reais de emendas parlamentares do deputado federal Assis Carvalho.
"Estou muito feliz e agradeço a confiança que me foi dada pelo governador Wellington Dias. Quando, há 10 meses, assumi a Secretaria de Cultura, estive em Oeiras e encontrei o Major Selemérico fechado e em ruínas. Fizemos um trabalho silencioso e hoje entregamos à população um dos espaços culturais mais bem organizados do Brasil. Falo isso sem medo de errar por que conheço muito de cultura Fizemos resgates históricos da nossa cultura e que estarão aqui disponíveis para todos, inclusive mesmo antes da reinauguração já tivemos a procura de escolas e universidades que querem conhecer um pouco mais da nossa cultura e da nossa história", revela Fábio Novo.
No Major Selemérico há a galeria dos governadores, com móveis de época utilizados pelo Visconde da Parnaíba e que foram restaurados pela Secretaria Estadual de Cultura. Existem também salas de ensino e preservação das manifestações culturais trazidas pelos negros no período colonial, como a capoeira e o congo. Dois memoriais foram abertos sendo um deles em homenagem a Possidônio Queiroz, músico oeirense que compôs grandes valsas e que dá nome à Escola de Música de Teresina.
O outro homenageia Esperança Garcia, uma escrava que escreveu em 1770 uma carta ao governador da província denunciando os maus tratos sofridos na época da escravidão. "Este documento seria o primeiro documento escrito por uma escrava que era uma negra alfabetizada, que denunciava a violação dos direitos humanos", enfatiza Fábio Novo.
O memorial apresenta a história de Esperança Garcia, além dos objetos de época como cordas, chicotes, panelas e objetos religiosos.
O local conta ainda com uma galeria de arte em homenagem a Amélia Reis Nunes, a primeira bordadeira da cidade, com 27 telas de Olavo Braz, filho de Amélia. E ainda uma espaço de convivência no qual se pode apreciar algumas iguarias da comida típica piauiense, a exemplo do bolo feito com café e na qual acontecerá declamações de poesias.
Na oportunidade, o governador Wellington Dias assinou a autorização para a realização do Projeto Boca da Noite e a inclusão de apresentações do Festluso no mais novo espaço de cultura do Piauí.
Para Dias, esse resgate da cultura é muito importante e parabenizou todos os envolvidos. " Sempre digo que um povo que não tem orgulho do seu passado, não tem um bom olhar para o futuro. Fico muito feliz em poder entregar um espaço onde se pode respirar a nossa arte, a nossa cultura e principalmente a nossa história", disse.