A saída do PSB do governo Dilma Rousseff acentuou a tendência de aproximação do partido de Eduardo Campos com a oposição, notadamente com o PSDB, e seu afastamento do PT nos Estados.
A sigla do governador de Pernambuco começa a abandonar alianças históricas com os petistas e agora busca opções para seu projeto nacional. O PSB projeta que pode estar ao lado do PT em apenas três Estados, e já articula coligações rivais em 20.
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Embora os petistas mantenham aberta a possibilidade de reaproximação com Campos, a estratégia mudará caso sua candidatura presidencial se torne irreversível.
Dirigentes do PT disseram à Folha, em caráter reservado, que a orientação aos diretórios estaduais será descartar alianças com o PSB.
Na prática, os petistas querem evitar que o partido apoie aliados de Campos nos Estados para reduzir a dimensão dos palanques regionais montados para o presidenciável do PSB. Com essa estratégia, o PT tentará isolar o governador pernambucano.
O partido está próximo do PSDB em Estados de grande eleitorado, como São Paulo e Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, praça também estratégica, rompeu com o governo do petista Tarso Genro e pode trocar a aliança histórica com o PT pelo apoio à senadora Ana Amélia, do PP.
O realinhamento dos pessebistas nos Estados inclui até mesmo ícones da oposição ao PT, como a família Bornhausen. No auge do escândalo do mensalão, o então senador Jorge Bornhausen previu que o caso serviria para banir a "raça petista" da política.
Seu filho, o secretário de Desenvolvimento de Santa Catarina, Paulo Bornhausen, deixou o PSD e recebeu a presidência do PSB local. "Se Eduardo fura a hegemonia petista no Nordeste e vira alternativa viável no Sul ele passa a ser um candidato competitivo. Aqui, teremos um palanque fortíssimo para ele", diz Paulo Bornhausen.
Em Minas, base eleitoral do tucano Aécio Neves, Campos fez intervenção para tirar do comando o lulista Walfrido dos Mares Guia.
Em seu lugar assumiu o deputado Júlio Delgado, rompido com o PT desde que foi relator, no Conselho de Ética da Câmara, do processo que levou à cassação do mandato do ex-ministro José Dirceu, no mensalão.
PSDB e PSB estudam uma candidatura comum em Minas, e também podem repetir a dobradinha em Pernambuco, reduto de Campos.
Também é considerada certa aliança entre as siglas em São Paulo, onde o PSB almeja indicar o vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB).
A aliados, Campos afirma que a estratégia do PT de estrangular a construção de seus palanques regionais o empurra cada vez mais para o campo da oposição.
Os dois principais problemas que o PSB precisa equacionar estão no Rio de Janeiro e no Ceará, Estados em que Campos teve de intervir para conter dissidências pró-Dilma. No Rio estuda lançar o deputado Romário ao Senado.
A aliança ao governo poderia até mesmo ser com o petista Lindbergh Farias.
No Espírito Santo, o governador Renato Casagrande (PSB) conta com o apoio do PT e seus quase 2min50s na propaganda de TV.
A direção nacional petista, contudo, planeja vetar a aliança para fragilizar a base de Campos no Estado.