A Câmara dos Deputados deve passar pela renovação mais intensa em 16 anos nas eleições deste ano. Baseado no menor número de candidatos que concorrem à reeleição desde 1998 e no “desejo de renovação” da população brasileira, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) estima que a renovação da Câmara em 2014 vai ultrapassar a média histórica e superar os 50% da composição da Casa. Desde que a Câmara passou a ser composta por 513 deputados, em 1998, a renovação a cada eleição ficou entre 43,86% e 47,95%. Nas eleições deste ano, 398 deputados vão tentar a reeleição. Esse é o menor número desde que a Câmara assumiu a atual composição — na eleição passada, por exemplo, foram 407 os deputados que tentaram se reeleger, e 286 (70,7%) conseguiram. Dos 115 parlamentares que não tentarão renovar os mandatos neste ano, dez querem virar governadores — entre eles está o atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) —, 21 podem se eleger vice-governadores e 21 vão tentar a sorte no Senado. Segundo o levantamento do Diap, apenas 38 deputados com mandato na atual legislatura não vão concorrer a nenhum cargo neste ano. Entre os deputados federais que não pretendem se reeleger estão políticos de história, como Inocêncio Oliveira (PR-PE), Dr. Rosinha (PT-PR) e Alfredo Sirkis (PSB-RJ), que ficam de fora do pleito neste ano pelos mais diversos motivos — desde desentendimentos partidários até falta de dinheiro para campanha. Renovação Figura histórica do PT no Paraná, Dr. Rosinha diz que não se candidatou neste ano em nome da renovação na Câmara. Nesta eleição, ele apoia a candidatura à Câmara da Professora Marlei, que nunca concorreu a um cargo público. Após 26 anos de vida pública, 16 deles como deputado federal, o médico deve voltar ao seu posto de funcionário da Prefeitura de Curitiba. — Acho que tem de renovar. Estou com quatro mandatos de deputado federal. São 26 anos de vida pública. Vou dar continuidade à luta politica, mas em outra instância. Não pretendo voltar [a ocupar cargo público]. Já Alfredo Sirkis decidiu não participar do pleito deste ano por questões partidárias. Depois de tentar fundar a Rede Sustentabilidade com a ex-ministra Marina Silva, Sirkis acabou migrando do PV para o PSB com a vice-candidata da chapa de Eduardo Campos, mas não gostou da composição política dos socialistas no Rio de Janeiro. — O partido no qual estou abrigado resolveu fazer coligação proporcional com o PT e, tendo passado quatro anos criticando o governo da Dilma, realmente ia ser muito complicado explicar para os meus eleitores esse apoio. Outros deputados, como Oziel Oliveira (PDT-BA), abriram mão de concorrer neste ano de olho nas eleições municipais de 2016, mas há quem tenha decido deixar a política por motivo de saúde ou por pedido da família, como é o caso da deputada Lauriete (PSC-ES).