Piaui em Pauta

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Cai resistência à adoção de criança negra e mais velha

Publicada em 26 de Maio de 2014 �s 07h57


 Sem restrição de cor, sexo ou estado de saúde. Ao preencher o cadastro de interessados em adotar, em 2009, a única exigência do casal Flávia e Thales Schettini era a idade. Eles queriam que a criança fosse mais nova do que o filho Matheus, na época com dois anos. Ao longo do processo, o casal mudou de ideia e passou a aceitar uma criança com até seis anos de idade. Enquanto eles atualizavam o cadastro, outros casais faziam o mesmo no país. saiba mais CNJ autoriza estrangeiro em cadastro para adotar no Brasil CNJ promove adoção de crianças por casais estrangeiros Leia mais sobre Adoção de crianças Dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) mostram que os casais selecionam cada vez menos a cor, o sexo e a idade dos filhos. Entre 2010 e 2014, a proporção de pretendentes que aceitava só crianças brancas caiu de 39% para 29%. Já a de indiferentes em relação à cor passou de 29% para 42,5%. Thales e Flávia adotaram há um ano Maria (nome fictício), negra, na época com três anos -ela passou dois à espera de uma família. Também aumentou o percentual dos que aceitam crianças com três anos ou mais. Em 2010, eram 41% do total de interessados; neste ano, são 51,5%. Para especialistas, ao menos três fatores explicam a mudança: a participação obrigatória dos candidatos a adoção em cursos oferecidos por ONGs e varas de infância e juventude, o trabalho de grupos de apoio e a maior divulgação do processo. "Demorou para dar resultado, mas, a cada ano, conseguimos conscientizar mais que não interessa a faixa etária [da criança]. Filho é para a vida inteira", diz Reinaldo Cintra, juiz da coordenadoria de Infância e Juventude de SP. A mudança de perfil dos futuros pais os aproximam das crianças que estão nos abrigos, já que a maioria delas é negra e mais velha. Descompasso Apesar disso, os requisitos de cor, idade e gênero, somados à falta de estrutura do Judiciário, ainda são apontados para explicar a existência de até seis pretendentes para cada criança apta à adoção. Para a Corregedoria Nacional de Justiça, o número superior de interessados é positivo. O problema está na existência de crianças "indesejadas" pelos pretendentes. Das crianças disponíveis para adoção, 78,5% têm mais de dez anos, 77% têm irmãos (e não podem ser privadas do convívio com eles) e 22%, alguma doença. No país, há 30,9 mil pretendentes na fila de adoção, para 5.456 crianças aptas -sendo 67% pretas ou pardas. De acordo com o juiz Cintra, sempre haverá interessados em adotar crianças menores. "O sonho de muitos é ter um recém-nascido. Não critico, mas as pessoas precisam saber que demora."

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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