RIO - Após decisão unânime do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) determinando que o bicheiro Carlinhos Cachoeira volte para a prisão, o contraventor foi preso nesta quinta-feira de manhã no hotel em que cumpria prisão domiciliar em Copacabana. A decisão vale também para os empresários Fernando Cavendish, Adir Assad, Marcelo Abbud e o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu, esses dois últimos também presos hoje em um hotel do Leme, todos alvos da Operação Saqueador. Os advogados informaram que vão recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Cachoeira desceu do quarto com sua mala, sem algemas, e foi conduzido pelos agentes federais no camburão da viatura, sob os aplausos de pessoas que estavam no local.
Cavendish está em casa cumprindo prisão domiciliar, e Cachoeira ficou em um hotel da orla de Copacabana, já que a Justiça determinou que ele e os outros réus que moram fora do Rio permaneçam na capital fluminense até a decisão do julgamento de hoje.
A "Saqueador" constatou que os envolvidos, "associados em quadrilha", usaram empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões, obtidos pela Delta direta ou indiretamente, por meio de crimes praticados contra a administração pública, para o pagamento de propina a agentes públicos.
LEVE SEM TORNOZELEIRA
Na semana passada, o desembargador Abel Gomes recomendou ao Ministério Público Federal a abertura de inquérito polícial para apurar a ausência de policiais federais atuando no controle da prisão domiciliar de Cachoeira. Após notícias de que o bicheiro teria se ausentado do hotel, um oficial de Justiça foi ao local e verificou a presença do bicheiro no quarto sem o acompanhamento dos agentes.
A defesa de Cavendish pediu para ele ser mantido em prisão domiciliar alegando ser o único responsável por suas filhas gêmeas de 6 anos. As duas são filhas de Fernanda Kfouri, morta em um acidente de helicóptero em 2011. A lei prevê que a prisão preventiva pode ser substituída por domiciliar quando o homem é o único responsável por filhos menor de 12 anos.
O Ministério Público Federal alegou que o relatório da Polícia Federal mostra que entre 2015 e 2016 Cavendish saiu do país 15 vezes e só levou as filhas em quatro, o que demonstra que ele tem com quem deixar as filhas. Por isso, Gomes negou o argumento de Cavendish e também votou para ele que Cavendish volte para a prisão.
Os advogados defenderam durante a sessão que as acusações são referentes ao período de 2007 a 2012 e que, de lá para cá, não houve nenhum fato novo que justifique a prisão dos réus. O procuradora regional da República Mônica de Ré pediu que os cinco réus voltassem para a prisão fechada para que fosse desarticula a organização criminosa. Além disso, segundo ela, ficar em domiciliar é uma condição que facilita a ocultação de patrimônio.